A agência francesa do medicamento (ANSM) fez um aviso a médicos e pacientes sobre os riscos decorrentes do uso do ibuprofeno e do cetoprofeno, que podem agravar infeções em tratamento, e pediu uma investigação a nível europeu. A advertência surge na sequência de uma investigação farmacológica encomendada aos seus centros de Tours e Marselha.
Um porta-voz da Agência Nacional de Segurança do Medicamento e dos Produtos de Saúde (ANSM) explicou, citado pela agência”Efe”, que «o pedido francês» será analisado pelos seus homólogos europeus, segundo comunicado da agência “Lusa”. O responsável recordou que as autorizações dos medicamentos para a Europa de modo geral, e não apenas para França, e que é a essa escala que é necessário reavaliar-se a relação risco-benefício do ibuprofeno e do cetoprofeno.
O ibuprofeno é o segundo antálgico mais usado em França, depois do paracetamol, informa a fonte.
A investigação da ANS foi lançada no ano passado, e foi na sequência da mesma que os especialistas lançaram na quinta-feira várias recomendações.
A agência recomendou dar preferência ao paracetamol, em vez do ibuprofeno e do cetoprofeno em caso de dor ou febre, especialmente em casos de infeção como anginas, rinofaringites, otites, tosse, infeção pulmonar, bem como lesões cutâneas ou varicela. A entidade também indicou algumas regras para a boa utilização dos anti-inflamatórios, nomeadamente usar «a dose mínima eficaz, durante o menor tempo» possível, parando o tratamento assim que os sintomas desapareçam e não prolongando o tratamento por mais de três dias em caso de febre, nem mais de cinco dias em caso de dor.
O estudo concluiu que há várias infeções que poderiam ser agravadas com a toma destes medicamentos. Essas complicações foram verificadas após períodos muito curtos de tratamento (dois a três dias) quando o ibuprofeno ou cetoprofeno tinham sido prescritos (ou tomado em automedicação) para a febre, inflamações cutâneas benignas, problemas respiratórios ou do sistema otorrinolaringológico. Os investigadores franceses analisaram 337 casos de complicações infeciosas graves com ibuprofeno e 49 com cetoprofeno e que foram motivo de hospitalizações, sequelas e até mesmo a morte. Os casos foram estudados ao longo de um período prolongado com início no ano 2000.