Considerado o pai da Psicanálise, Sigmund Freud é, apesar de ter quase tantos detratores como adoradores, um nome incontornável na história da Psicologia. Mesmo que muitas pessoas liguem o seu nome exclusivamente ao estudo das perturbações mentais e dos impulsos de cariz sexual, a verdade é que, ao contrário dos psicólogos comportamentalistas de que falámos na última crónica, Freud estava interessado em perceber o que se passava dentro das pessoas. Foi, no essencial, isso que a Publicidade e o Marketing aproveitaram. Para Freud, a mente humana pode dividir-se em 3 entidades: Id, Ego e Superego. O Id rege-se pelo princípio do prazer, procura uma gratificação imediata e é, por isso mesmo, egoísta. É a fonte das nossas emoções, podendo ser elas tão distintas como o são o amor e o ódio. O Superego é a nossa consciência. Uma espécie de guarda moral que nos impede de fazer o mal. O Ego rege-se pelo princípio da realidade. Analisa os pedidos do Id, as linhas morais impostas pelo Superego, bem como toda a envolvente do indivíduo e decide de acordo com aquilo que seja melhor para a sobrevivência da pessoa. Assim, tal como o Id, acaba por ser, de algum modo, egoísta. Com este modelo, Freud alerta para o facto de que dentro de cada pessoa podem existir vontades que muitas vezes evoluem em caminhos diferentes e – muito importante para as marcas – que uma decisão é tão mais fácil quanto mais concordantes forem as três entidades acima referidas. Assim, o gestor de uma marca deve identificar por quais entidades a sua marca é mais aceite e quais (ou qual) estão menos recetivas à sua compra, devendo depois incluir algum benefício que compense essa menor aceitação. Um exemplo simples: imagine que a sua marca é um detergente para o chão. E aqui está a explicação – pelo menos a freudiana – da razão dos detergentes terem todos aromas agradáveis. João Barros, Professor Convidado na Escola Superior de Comunicação Social e Investigador no Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa |