F.S.A. 1110

>Há poucos dias, no meu habitual café matinal, tive oportunidade de “agarrar” uma conversa de circunstância que me deu alento para encarar o meu dia ainda com melhor disposição:

Duas amigas (depreendo), mães, tomando o seu rápido café antes iniciarem o dia de trabalho, falavam dos seus filhos, e, uma delas conta que no dia anterior, o seu filho lhe ligou dizendo que estava com um problema de saúde, ao que parece recorrente, e que habitualmente resolve com a toma de um MNSRM.
O miúdo estava num centro comercial e a mãe recomenda- lhe que se dirija à Farmácia mais próxima, dando ela própria a indicação de qual seria, para que ele lá fosse solicitá-lo.

A amiga, ouvindo com atenção, questiona porque mandá-lo á Farmácia, se podia  comodamente ter acesso ao medicamento no local onde estava no momento, na companhia do seu grupo de amigos.

Esta mãe, responde sem hesitar, que tem por hábito dirigir- se sempre à Farmácia, pelo simples facto de entender que é o local apropriado, e de saber que ali há sempre um profissional que questiona, avalia, esclarece, e por fim dispensa o produto adequado. E remata dizendo: “sabes, para além da confiança que ” eles” (os profissionais), me transmitem, eu sei que o que aconselham é o mais indicado, porque “eles” é que sabem! E isso para mim faz toda a diferença!”

Confesso que nessa manhã o meu habitual café teve um sabor especial, e só por vergonha me contive, para não dar a entender que estava de “ouvido” em conversa alheia…

E dei comigo a pensar que de facto vale a pena acreditar naquilo que fazemos, para fazermos bem, e sermos assim, naturalmente reconhecidos publicamente.
Mas também da dimensão da nossa responsabilidade profissional enquanto parceiros da estrutura da saúde, e da nossa intervenção social e comunitária, em relação às quais muitas vezes nos desfocamos, dando prioridade a questões menores…
Quem trabalha na Farmácia sabe que é assim, porque somos profissionais, e temos esse sentido de missão, mas ouvir assim, do nada, esse reconhecimento, dá-nos, nesta fase tão conturbada da nossa vida profissional, o alento para que continuemos a trilhar este caminho que é tão nosso, e que sabemos que é o correto.

E sabemos também que, depende de nós enquanto classe profissional, ter a lucidez para decidir qual o caminho a seguir, quando os atalhos e as encruzilhadas se nos deparam…

Podemos ser tudo, ou podemos ser nada. E, nesse dia, recordando o episódio da manhã, e a conversa entre aquelas duas mulheres, esta premissa foi totalmente óbvia para mim.

Helena Amado, farmacêutica
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