Fundação dos EUA dá quatro prémios a investigação médica desenvolvida em Coimbra 21-Jan-2014 Uma fundação norte-americana atribuiu quatro prémios para financiar uma investigação sobre novas terapias para a doença de Machado-Joseph, que está a ser desenvolvida por especialistas de Coimbra, anunciou hoje a Universidade desta cidade. Um grupo de especialistas liderados por Luís Pereira de Almeida, do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC), acaba de ser «reconhecido pela National Ataxia Foundation (NAF) com a atribuição de quatro prémios para financiar a investigação na descoberta de terapias para impedir a progressão da doença de Machado-Joseph», afirma uma nota hoje divulgada pela UC. A doença de Machado-Joseph é uma patologia cerebral que «provoca a perda de coordenação motora, acabando por confinar os doentes a uma cadeira de rodas e, até ao momento, é incurável», sublinha a UC, referindo que a doença «tem uma prevalência significativa em Portugal, especialmente nos Açores». Luís Pereira de Almeida foi premiado com o financiamento “Pioneer SCA Translational Grant Award”, no valor de 100 mil dólares (cerca de 73.500 euros), para continuar a investigar a «ativação farmacológica da autofagia para aliviar a doença de Machado-Joseph». A autofagia consiste na “limpeza” das células e os cientistas vão aprofundar os estudos em animais transgénicos (modelos da doença) que têm mostrado «possíveis efeitos benéficos de fármacos» – aprovados pela FDA (Food and Drug Administration) e pela Agência Europeia do Medicamento – no «atraso da progressão e alívio dos sintomas da doença». Ao grupo de especialistas foram ainda atribuídos três prémios de 15 mil dólares cada um, que permitirão avançar na investigação da mesma doença, citou a “Lusa”. Uma das investigadoras, Liliana Mendonça, está a realizar o transplante de células estaminais neurais em animais transgénicos numa área cerebral afetada pela doença de Machado-Joseph (o cerebelo) e os resultados preliminares já obtidos sugerem que esta poderá constituir uma «promissora» estratégia terapêutica, afirma, na mesma nota, a UC. Rui Nobre, outro dos especialistas envolvidos na investigação, tem estado a desenvolver «uma estratégia terapêutica promissora associada a uma forma inovadora de administração periférica», acreditando que poderá dar «um contributo importante para o uso de terapia génica nesta doença». A possibilidade de outra molécula (ataxina-2) contribuir para a doença está a ser estudada por Clévio Nóbrega, que «pretende esclarecer o possível mecanismo patogénico e validar a ataxina-2 como potencial alvo terapêutico desta doença». Fundada em 1957, «a NAF financia estudos altamente promissores na área das doenças degenerativas que provocam ataxia (descoordenação de movimento), em todo o mundo», tendo galardoado este ano, «pela primeira vez em quadruplicado, a investigação que está a ser desenvolvida» por este grupo de investigadores do CNC da UC. |