GAT considera «inaceitável» preço de fármaco para hepatite C 26 de novembro de 2014 O Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT) considerou ontem «inaceitável e intolerável» o preço de um medicamento pedido por uma empresa farmacêutica ao Hospital São João, no Porto, para tratar quatro doentes de hepatite C. «O GAT cessa todos os contactos não estritamente institucionais e em reuniões multilaterais com a Gilead [farmacêutica]», referiu, em comunicado enviado à “Lusa”. O Hospital São João adiantou à “Lusa” que o medicamento antiviral, aprovado pelo INFARMED, tem um custo de 97.620 euros por doente, ou seja, 16.270 euros por embalagem, equivalente a um mês de tratamento e, apesar de fazer a encomenda, declarou a farmacêutica fornecedora «hostil» e apresentou queixa às autoridades competentes. «Mantém [farmacêutica] os doentes em risco de vida, como reféns das negociações com as autoridades de saúde portuguesas, e contrasta com aquilo que sabemos ser o preço real praticado na Europa, em países mais ricos e com menos dificuldades económicas que Portugal», adiantou. Segundo o GAT, o preço no sistema público de saúde do medicamento em Espanha é de 25.500 euros, seja para o tratamento de 12 ou 24 semanas, portanto, a farmacêutica em Portugal cobra mais 72.120 euros. O GAT afirmou que irá rever a cessação de contactos com a farmacêutica quando esta «anunciar que disponibilizará aos hospitais públicos o sofosbuvir [medicamento] pelo menos pelo preço que cobra em Espanha e ainda que reembolsará os hospitais, como é desejável». Desta forma, o GAT apela às companhias da Indústria Farmacêutica para que, «de forma urgente e transparente», negociem preços que permitam assegurar, nos próximos anos, o «acesso universal» para todas as pessoas que vivem com hepatite C, já que Portugal enfrenta «sérios constrangimentos financeiros». A farmacêutica que comercializa o medicamento para hepatite C Sofosbuvir disse na segunda-feira ter apresentado, em outubro, ao Ministério da Saúde uma proposta com «um preço substancialmente abaixo» do atual, mas o INFARNED considerou não ser ainda comportável. Em comunicado, a Gilead referiu que «tem trabalhado com o Ministério da Saúde para finalizar as condições da comparticipação e permitir o acesso dos doentes portugueses ao Sofosbuvir o mais rapidamente possível». |