07 de Junho de 2016 O grupo de ativistas sobre tratamentos de VIH/SIDA quer que o parlamento aprove uma resolução com medidas de maior apoio a estes doentes, como a redução do preço dos medicamentos e melhores respostas para grupos mais vulneráveis. O GAT – Grupo Português de Ativistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA vai na quarta-feira à Comissão Parlamentar de Saúde para auscultar a disponibilidade das várias forças partidárias para uma resolução da Assembleia da República sobre as epidemias de VIH, Tuberculose, Hepatites Virais e Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST). Segundo Luís Mendão, dirigente do GAT, é pertinente rever a primeira resolução sobre o VIH, que foi aprovada em 2011, pois houve «uma série de coisas que foram recomendadas que não chegaram a ser implementadas, mas também houve avanços científicos e novos conhecimento sobre as epidemias que fazem com que seja necessário rever a resolução 2011». Entre as medidas preconizadas pelo GAT está a criação de centros que façam o rastreio a várias doenças transmissíveis pela mesma via. «Não faz sentido abrir centros de rastreios apenas para VIH quando há doenças, como a tuberculose ou a hepatite c, que podem estar relacionadas e ter a mesma via de transmissão», disse à “Lusa”. Outra medida que o GAT considera ser urgente desenvolver é a de adaptar o serviço nacional de saúde (SNS) aos grupos e populações mais vulneráveis e expostos, como é o caso dos reclusos, dos consumidores de drogas injetáveis, dos homens que fazem sexo com outros homens, imigrantes da África subsariana e trabalhadores sexuais. «Estes centros de rastreio devem ser adaptados para responder às necessidades destas populações. Os nossos centos de saúde muitas vezes não têm resposta adequada a pessoas com outra língua, com sexualidade minoritária, ou com uso de droga», explicou, acrescentando: «queremos que o SNS funcione melhor e pensamos que deve ser complementado por respostas específicas para determinadas populações». Outro assunto que o GAT também vai levar à Comissão de Saúde é o problema do preço dos medicamentos, «que continua a não ser suficientemente colocado como prioridade». «Aumenta muito o número de pessoas a serem tratadas, mas isso não é possível sem renegociação dos preços praticados», afirma Luís Mendão. O responsável lembrou que existem atualmente cerca de 30 mil pessoas em tratamento, com um custo que ronda os 250 milhões de euros ano. A manterem-se estes custos, se forem tratadas mais 15 mil pessoas nos próximos quatro anos, que é o grande objetivo da Organização Mundial de Saúde, significará um aumento de 50% com medicamentos, afirmou, acrescentando que no caso do VIH os medicamentos são 80% dos custos totais do tratamento. No entanto, sublinhou que as associações não devem servir só para gastar dinheiro ou para pressionar os Governos a negociar baixas de preço, devem também servir para alocar as despesas. «Não queremos ser usados para pressionar a baixar o preço dos medicamentos sem que haja um compromisso político para tratar mais e melhor. As pessoas devem começar a ser tratadas logo que diagnosticadas e ser diagnosticadas o mais cedo possível», salientou. |