A 62.ª edição da Conferência Anual da European Healthcare Distribution Association (GIRP) reuniu profissionais do setor da saúde e da distribuição farmacêutica para procurar soluções para os desafios provocados pela covid-19.
De acordo com Monika Derecque-Pois, diretora-geral da European Healthcare Distribution Association, a situação pandémica “agravou os cuidados de saúde e teve implicações diretas para os pacientes”. De seguida, identificou a covid-19 como o principal desafio, dando, inclusive, o exemplo da falta de vacinas contra o novo coronavírus em alguns países europeus no início da pandemia.
Ciente de que “o foco deve estar, por agora, nas necessidades dos utentes”, Monika Derecque-Pois acrescentou que também é necessário “encontrar novas soluções para a cadeia de fornecimento do setor da saúde”, nomeadamente: “a melhoria e o reforço dos equipamentos de proteção individual e dos materiais disponíveis nos quartos”.
Questionada sobre o impacto da pandemia no setor farmacêutico, Monika Derecque-Pois explicou que “foi muito complicado” no início, já que “não conseguiram ajudar os setores críticos das farmácias de todos os países europeus”. Contudo, realçou que, após um período de adaptação à situação pandémica, conseguiu-se “reabastecer as farmácias com diversos medicamentos para os vários confinamentos a nível europeu”.
Além disso, Monika Derecque-Pois apelou à necessidade de os funcionários do setor terem acesso a “turnos suprimidos”, de modo a evitar um confinamento em massa dos profissionais da indústria farmacêutica.
No final do evento, Nuno Cardoso, presidente da Associação de Distribuidores Farmacêuticos (ADIFA), fez um “balanço muito positivo” do Congresso. Cerca de 130 participantes marcaram presença no GIRP, com destaque para vários representantes públicos nacionais e europeus, como: Margaritis Schinas, vice-presidente para a Promoção do Modo de Vida da Comissão Europeia; Diogo Serras Lopes, Secretário de Estado para a Saúde do Governo; e Rui Santos Ivo, presidente da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed).
Na opinião do responsável da ADIFA, a presença destas personalidades “foi um grande reconhecimento” para o trabalho que tem vindo a ser realizado no setor da distribuição farmacêutica. Nuno Cardoso espera ainda que seja aproveitado “o bom trabalho que foi realizado durante a pandemia” e que se adapte “as medidas que não correram tão bem”.
O dirigente identificou a “falta de financiamento na área da saúde” como o principal desafio para o futuro do setor da distribuição farmacêutica.
“Tem de se encarar a saúde como um investimento – e não como um custo -, e diversificar esse investimento pelo reforço dos serviços comparticipados nas farmácias comunitárias, de modo a fornecer um serviço adicional aos utentes”, explicou o líder da ADIFA, em declarações ao portal do Netfarma.
Outro dos desafios, apontados por Nuno Cardoso, é o “modelo transversal de dispensa de medicamentos de uso exclusivo hospitalar através das farmácias comunitárias”. O responsável da ADIFA acrescentou que este desafio “deve ser abordado com urgência e em colaboração com o Ministério da Saúde e o Infarmed”.
O dirigente da associação apontou ainda à “revisão da legislação a nível europeu”, já que o setor da distribuição é uma “peça vital para o acesso aos medicamentos”. Por último, e paralelamente aos desafios já mencionados, existe ainda o problema contínuo da “gestão da escassez de medicamentos em algumas situações”, finalizou.
No fim do Congresso, Monika Derecque-Pois revelou que a 63.ª edição do GIRP será realizada nos dias 22, 23 e 24 de maio de 2022, em Berlim, na Alemanha.