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Governo de São Tomé investiga trabalho de empresa importadora de medicamentos

13-Jan-2014

O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe revelou que vai abrir um inquérito para avaliar o trabalho da empresa de importação de medicamentos INFARMA, suspeita de dívidas excessivas e falta de controlo.

«Vamos fazer um rastreio de todos os medicamentos que entraram para este país há três quatro anos atrás, porque o montante da divida que tem o Estado para com a INFARMA é enorme», disse Gabriel Costa.

Segundo o primeiro-ministro são-tomense, em 2012 o estado gastou 20 mil milhões de dobras (800 milhões de euros) com a aquisição de medicamentos. 2012 «foi o ano mais crítico que o país atravessou em matéria de medicamentos», revelou o governante, que pediu aos deputados, no debate do Orçamento de Estado, o apoio para a «fiscalização» nesta área. «Há uma situação anacrónica porque o governo pagou uma parte da divida no orçamento de 2013 e soube que há um armazém em Vigoço (periferia da capital) que tem medicamentos e consumíveis fora do controlo do ministério da saúde», revelou o primeiro-ministro, citou a “Lusa”.

A INFARMA é uma empresa de capitais mistos, propriedade dos governos de Cabo Verde e São Tomé, com empresários são-tomenses. A falta crónica de medicamento nos hospitais dominou o último dia do debate na especialidade do orçamento do estado e as grandes opções do plano para 2014.

Gabriel Costa informou que em 2013 o governo gastou mais de 600 mil dólares (440 mil euros) com a importação de medicamentos. O primeiro-ministro apontou os acidentes de viação como uma das principais causas de excesso de consumo de medicamentos, mas não afasta as suspeitas sobre o desvio e má utilização de medicamentos no principal centro hospital do arquipélago. «Nós tivemos que recorrer à verba das receitas provenientes do pagamento de seguros para poder importar de emergência mais de 100 mil dólares de medicamente para o país», disse o primeiro-ministro. «Logo a seguir fizemos uma transferência de mais de 500 mil dólares para a compra de medicamentos para que, face a situação de crise que vivíamos no país, não faltasse medicamentos», acrescentou o chefe do governo.

«O país não tem capacidade financeira para continuar a sustentar os gastos que nós temos hoje. O sistema de saúde tal como ele funciona tornou-se incomportável para o orçamento do Estado», disse o chefe do executivo, sublinhando ter chegado altura para se refletir na comparticipação dos cidadãos nos custos da saúde.