Governo defende que combate do VIH/sida exige mudança de paradigma das políticas de saúde 595

O Governo defendeu no parlamento a necessidade de mudar o paradigma das políticas de saúde direcionadas para o combate da epidemia do VIH/sida, destacando o papel dos municípios devido à proximidade com os cidadãos.

«Se queremos ter melhores resultados na área do VIH, temos de pensar de forma diferente. Temos de mudar o paradigma das políticas de saúde direcionadas para o combate da epidemia do VIH. Temos de sair dos muros dos hospitais e das paredes dos centros de saúde. Temos de unir a sociedade neste objetivo», afirmou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, no âmbito da conferência “Cidades na via rápida para eliminar o VIH”, na Assembleia da República, em Lisboa.

O governante considerou que «é tempo de ouvir os que estão mais próximos, aqueles que conhecem as comunidades locais e onde o Serviço Nacional de Saúde não consegue chegar», referindo-se às autarquias e as organizações não-governamentais.

De acordo com a agência “Lusa”, no projeto internacional “Cidades na via rápida para eliminar o VIH”, que conta já com a adesão de dez municípios portugueses, o Governo empenhou esforços para uma implementação mais fácil das estratégias locais, melhorando quatro áreas relacionadas com esta doença, designadamente «na qualidade dos dados, na prevenção, no diagnóstico precoce e no tratamento», avançou Fernando Araújo.

«Continuamos em Portugal a diagnosticar os doentes muito tardiamente», apontou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, defendendo ser necessário «transformar o teste do VIH em algo fácil e acessível para qualquer pessoa, em qualquer lugar e a qualquer hora».

Neste sentido, os primeiros testes rápidos de rastreio do VIH/sida e dos vírus da hepatite em farmácias estão disponíveis em Cascais e serão alargados, progressivamente, a outras zonas do país, referiu o titular da pasta da Saúde, lembrando que, até ao final do ano, vai ser possível comprar estes testes nas farmácias e realizá-los em casa, o que representa «um marco histórico no combate a esta epidemia».

De acordo com o governante, a nível da Europa, Portugal é um «exemplo notável» na redução de incidência de VIH, indicando que houve «uma redução de cerca de 54% do número de novos infetados entre 2008 e 2016».

«No entanto, apesar deste percurso consistente e muito positivo, Portugal continua a apresentar uma das mais elevadas taxas de incidência na infeção por VIH na União Europeia», sublinhou Fernando Araújo.

Para a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, a concentração das infeções por VIH em zonas urbanas e periurbanas justifica a «forte aposta» neste projeto internacional, através da corresponsabilidade dos municípios em disponibilizar o acesso continuado ao rastreio e ao diagnóstico precoce, a serviços de prevenção e de tratamento de qualidade, e no combate do estigma e da discriminação das pessoas infetadas.