Governo dos Açores anuncia novo «paradigma» no financiamento do combate à toxicodependência 325

Governo dos Açores anuncia novo «paradigma» no financiamento do combate à toxicodependência

11-Fev-2014

O secretário regional da Saúde dos Açores assinou ontem protocolos de meio milhão de euros para o combate à toxicodependência e anunciou mais 100 mil para novos programas de prevenção, prometendo «uma mudança de paradigma» no financiamento desta área.

«Foi dado um passo para redefinir as estratégias e também uma alteração clara do paradigma de financiamento por parte do Governo nas parcerias na área da saúde e da área da segurança social, já que o investimento passa a ser feito diretamente por utente num conjunto agregado de serviços», disse Luís Cabral.

O titular pela pasta da Saúde nos Açores falava na assinatura de protocolos de cooperação com a Associação Regional de Reabilitação e Integração Sociocultural dos Açores – ARRISCA, no montante de meio milhão de euros para o combate às toxicodependências.

À margem da assinatura dos protocolos, disse ainda aos jornalistas que vai ser lançado «em breve» um programa, «em parceria com as escolas, para evitar a exposição dos mais jovens ao fumo do tabaco».

Luís Cabral disse que o protocolo assinado «altera um pouco o paradigma dos habituais financiamentos» dentro desta área, salientando que o executivo açoriano vai apostar numa distribuição das verbas disponíveis por investimento por utente. «Ou seja, o acordo hoje reflete um investimento previsível por utente para financiar o seu tratamento conjunto», disse, explicando que o tratamento de cada utente «tem um preço variável» consoante seja presencial na sede da instituição ou nas unidades móveis, citou a “Lusa”.

Para o secretário regional da Saúde, o investimento «não pode passar apenas por programas de prevenção» e disse que o Governo Regional «está a investir cada vez mais nos programas que dão garantia de retorno e com impacto na população».

Luís Cabral salientou ainda que o Governo açoriano pretende também «colaborar mais com as entidades nacionais e internacionais» que têm programas desenvolvidos nesta área. «Não vale a pena estarmos aqui nos Açores a desenvolver programas autónomos quando já existem programas nacionais e internacionais bem desenhados e com resultados», frisou.

A presidente da direção da ARRISCA, Suzete Frias, disse que associação vai aplicar o montante em «programas livres de drogas e no programa de manutenção por substituição opiácea». De acordo com Suzete Frias, o número de utentes assistidos «tem vindo a aumentar», mas isso «não significa que o fenómeno esteja a piorar».

Segundo indicou, a associação terminou 2013 com 1.435 utentes, número que já está perto de atingir este ano, «incluindo doentes que transitaram para este ano e novas entradas». Suzete Frias adiantou que 2014 «vai ser um ano centrado em estratégias que não tragam custo», salientando a aposta em parcerias com os recursos comunitários que «possam trazer de algum modo algum alívio da sobrecarga sem diminuir a qualidade no atendimento».

A responsável frisou que a instituição não se limita só a fazer consultas e a dar medicação, mas «dá competências aos doentes para que depois se possam integrar na sociedade e até no mercado de trabalho» e trabalha também com as famílias.