
O ministro da Saúde de Moçambique, Ussene Isse, admitiu “desafios” para disponibilizar material médico nas unidades sanitárias, incluindo fármacos, após destruição e vandalização de um centro de abastecimento de medicamentos em Maputo, durante manifestações pós-eleitorais.
Falando no final de uma visita a um centro de abastecimento de medicamentos queimado e destruído em Maputo durante protestos pós-eleitorais, Ussene Isse afirmou, ontem, citado pela Lusa, que as perdas contabilizadas neste local, de mais de 500 milhões de meticais (7,4 milhões de euros), são “uma tragédia”.
“Agora esta situação vai trazer a nós como profissionais de saúde desafios e o principal é garantir que consigamos responder às necessidades da população em termos de material médico que é importante para o atendimento da nossa população”, declarou.
Em 27 de dezembro, o Governo moçambicano tinha contabilizado pelo menos 77 viaturas da saúde destruídas durante as manifestações pós-eleitorais, com uma estimativa de prejuízos de 14,3 milhões de euros em artigos médicos perdidos com a destruição do centro de abastecimento de medicamentos.
“Nós temos até agora mais de 77 viaturas entre vandalizadas e destruídas e destas pelo menos 55 estavam na central de abastecimento e inclui viaturas novas que ainda deviam ser distribuídas pelos país”, disse o então ministro da Saúde, Armindo Tiago.
O responsável falava durante uma visita a unidades hospitalares da cidade de Maputo, em que revelou que um dos armazéns do centro de abastecimento de medicamentos incendiado em Maputo por manifestantes após a proclamação dos resultados pelo Conselho Constitucional continha medicamentos avaliados em 5 milhões de dólares (4,7 milhões de euros).
Hoje, o novo ministro da Saúde admitiu que a resposta do Governo no fornecimento de material médico aos doentes “não será igual” após o fogo posto no centro de abastecimento de medicamentos e lembrou que o processo de importação leva pelo menos 18 meses.
“Temos que ter muita paciência, porque eventualmente poderão chegar numa unidade sanitária e haver necessidade deste ou aquele consumível e não estar disponível, porque muito material foi aqui destruído e isso vai impactar diretamente na assistência médica da nossa população”, alertou Ussene Isse.
Em resumo
Moçambique vive desde 21 de outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas, primeiro, pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro.
Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.
Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.