13 de Janeiro de 2015 O Governo pretende transferir 1.220 investigadores do ensino superior para as empresas, ao abrigo do programa Portugal 2020, que determina as prioridades de alocação das verbas do novo ciclo de fundos comunitários. Para que tal aconteça, os programas operacionais regionais vão dispor de cerca de 66 milhões de euros para comparticipar os salários dos investigadores. O Norte, com 400 vagas fica com quase um terço das vagas, seguindo-se o Centro (260), o Alentejo (230), Lisboa (190) e o Algarve (140). No primeiro ano de contrato com as empresas, o programa financia 75% dos salários, no segundo ano 50% e no terceiro 25%. «Nós temos dois caminhos para aumentarmos a nossa competitividade», notou o secretário de Estado que gere o programa de fundos estruturais, Manuel Castro Almeida: «Ou competimos pelo lado do preço dos nossos produtos, ou pelo lado da inovação. Como queremos esta via, temos de aumentar o nosso potencial de investigação e desenvolvimento (I&D) nas empresas», disse o dirigente, citado pelo “Público”. Pelas avaliações do Fórum Mundial da Competitividade, Portugal inclui-se no lote de 30 países cujo motor de desenvolvimento é a inovação. Mas, olhando para a sofisticação da economia nacional, percebe-se que essa avaliação não é assim tão linear: as exportações de bens com alta intensidade tecnológica (por exemplo, aeronáutica, produtos farmacêuticos ou equipamentos de telecomunicações) representam apenas 6,8% do total, quando no auge da Qimonda (uma multinacional tecnológica que faliu em 2009) chegaram a valer mais de 11%. A transferência de investigadores do sistema científico nacional para as empresas é, na opinião do Governo, um dos meios capazes de acelerar a mudança. O que está em causa, afinal, é pôr termo a um desequilíbrio que o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional faz questão de sublinhar: «Somos o terceiro país da Europa com mais pessoas doutoradas em relação à população total, mas estamos na cauda da Europa em termos de doutorados nas empresas». Os números são expressivos: em Portugal, apenas 2,6% dos investigadores trabalham nas empresas, enquanto a média da OCDE ascende a 15,7% e, em casos de pequenas economias avançadas como a Dinamarca, esse valor sobe para os 40%. O que não é «um problema do sistema científico, mas também das empresas que em muitos casos continuam a não valorizar o potencial da ciência e da tecnologia para o seu crescimento», explicou José Carlos Caldeira. |