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Governo vai fazer levantamento de todas as pessoas com demência a receber apoio

17-Fev-2014

O Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social (MSESS) vai fazer um levantamento de todas as pessoas com demência e que já recebem apoio, seja domiciliário ou em lar, de forma a adequar as necessidades e os apoios existentes.

Em comunicado enviado à agência “Lusa”, o MSESS adianta que vai «dinamizar um projeto-piloto para doentes com demências» em parceria com a União das Misericórdias Portuguesas (UMP), e que o protocolo para formalizar a iniciativa será assinado hoje.

«Esta iniciativa (…) pretende identificar a população com demência que já se encontra a receber cuidados em SAD [Serviço de Apoio Domiciliário] ou Lar, estabelecendo padrões de boas práticas com os recursos existentes, adequando o nível de cuidados a estas necessidades específicas», diz o ministério.

Nesse sentido, o MSESS diz que identificou a unidade Bento XVI, em Fátima, pertencente à União das Misericórdias e especializada em doentes com Alzheimer, por esta dispor de «uma equipa de nível diferenciado».

Segundo o ministério, o objetivo passa por «desenvolver modelos de intervenção» que possam ser disseminados, de modo a «assegurar no país a existência de unidades especializadas e de capacidade de resposta profissional, nos locais onde as pessoas com demência já vivem».

Com o protocolo, o ministério diz pretender assegurar a formação, não só dos profissionais da unidade de Fátima, mas também de outras unidades e «dar resposta a pessoas com demências com manifestações secundárias e/ou fase de diagnóstico e correção terapêutica».

«Este projeto prevê um protocolo de parceria entre a UMP, a Associação Alzheimer de Portugal e a Direção Geral da Saúde, sendo ainda financiado pelo POPH do atual QREN», diz o MSESS, que, no entanto, não adianta valores.

A implementação do projeto irá decorrer durante o ano de 2014, até ao final do atual quadro comunitário, e, segundo o ministério, «vão ser realizadas ações de formação que favoreçam o desenvolvimento de competências, com componentes específicas nas vertentes cognitiva e de terapia relacional, a quem presta cuidados a pessoas com demência».

A formação será feita de forma integrada e individualizada com as respetivas famílias, «de modo a prevenir ou reduzir os riscos da evolução da demência».

A Unidade de Cuidados Continuados Bento recebeu os dois primeiros doentes a 6 de novembro.

A unidade que integra a Rede Nacional de Cuidados Continuados e que foi apoiada pelo Estado em 750 mil euros tem como responsável clínico o professor catedrático de Psiquiatra da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa e diretor do Hospital do Mar, Caldas Almeida.

Cerca de 40 pessoas trabalham na Unidade de Cuidados Continuados, entre enfermeiros, assistentes sociais, terapeutas da fala e ocupacionais, médicos e animadores.

Das 60 camas disponibilizadas pela unidade, 50 foram protocoladas com o Estado para cuidados de média e longa duração.

Em maio de 2012, antes da assinatura do protocolo de arranque da unidade especializada em doentes com Alzheimer, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas já tinha informado que o espaço também iria funcionar como um polo de formação para quem trata e cuida destes doentes.

Dados da UMP mostravam, então, que o número de pessoas com demências em lares é cada vez maior, mas poucas pessoas sabem cuidar destes doentes, apontando-se para a existência em Portugal de 180 mil pessoas com demências, 95 mil das quais com Alzheimer.

Estima-se que estas doenças afetem cerca de 5% das pessoas com 65 anos, 20% das que têm 80 anos e oscilando entre os 25% a 30% entre os idosos com 90 anos ou mais.