Henrique Reguengo, presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF), considera que o Governo, em particular o ministério da Saúde, está a ignorar o setor, enquanto negocia com outras classes profissionais.
Ao Netfarma, Henrique Reguengo admite não saber se a greve dos farmacêuticos dos serviços públicos de Saúde – a primeira de sempre – será suficiente para que o executivo tome medidas, mas garante que a “adesão massiva mostra que há uma grande união entre os farmacêuticos e um grande descontentamento”. No mínimo, “seria desejável que quem nos governa tivesse a sensibilidade para abordar este assunto de forma séria”.
Tudo indica para “um número de adesão superior a 90% à greve”, revela. Estes profissionais exigem uma valorização, contagem integral do tempo de serviço no SNS para efeitos de progressão na carreira, vinculação efetiva dos farmacêuticos a exercer no serviço público com contratos precários e a adequação do número de profissionais às reais necessidades e complexidade das atividades desenvolvidas.
Questionado sobre as conversações com a nova equipa ministerial na área da Saúde, o presidente do SNF revela que não foi estabelecido “nenhum contacto para iniciar negociações”, reiterando que esse é um dos motivos de descontentamento do setor. “Sabemos que o governo está em negociações com outras classes profissionais e connosco, apesar de saber da nossa situação, está a ignorar-nos claramente”, diz.
No entanto, a situação com a anterior equipa chefiada por Marta Temido não era melhor. “As questões estavam identificadas. Inclusive, numa reunião, a [anterior] secretária de Estado da Saúde deu-nos perfeita razão em alguns dos nossos descontentamentos, assumiu que eram situações que era preciso corrigir”. O problema, explica, “é que entre identificar as situações e fazer alguma coisa para efetivamente as corrigir, não se vê nada”.
A greve, convocada pelo Sindicato Nacional dos Farmacêuticos, inclui dois dias em outubro (esta terça-feira e quarta-feira) e dois em novembro (15 e 16) e abrange todos os serviços de saúde dependentes dos ministérios da Saúde, Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e Defesa Nacional, assim como nos Açores e na Madeira.