Greve dos Farmacêuticos: Preocupação com “doentes que não podem deixar de ter a sua terapêutica, mas tudo o resto vai sofrer atrasos” 54

Os farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) vão estar em greve entre hoje e quinta-feira. O presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF), Henrique Reguengo, antecipa alguns constrangimentos decorrentes da greve, nomeadamente relacionados com o acesso às farmácias hospitalares.

“Todos aqueles medicamentos de distribuição exclusivamente hospitalar e que os doentes, normalmente, vão à farmácia hospitalar buscar, obviamente que terão de lá ir num outro dia. Depois, há uma série de intervenções que nós fazemos desde a preparação, por exemplo, de fracionamento de medicamentos, até para cirurgias oftalmológicas. A quimioterapia vai sofrer atrasos consideráveis. Há sempre a preocupação com a continuidade daqueles doentes que não podem deixar de ter a sua terapêutica, mas tudo o resto vai sofrer atrasos significativos”, declarou o responsável, à Renascença.

Apesar dos serviços mínimos garantidos, Henrique Reguengo aponta “atrasos consideráveis” no setor.

 

“Inação do Governo”

O presidente do sindicato critica a “inação do Governo”, alegando que está a fazer com que os farmacêuticos se afastem do SNS.

“Vai deixar de ser um problema para os farmacêuticos e vai passar a ser um problema para o país e para os portugueses”, refere o presidente, explicando que, “até agora, ainda tem havido profissionais para ir solucionando estes problemas e para ir trabalhando no SNS, mas neste caminho não há sequer motivação para que os quadros fiquem com o número de pessoas necessárias para nós podermos ser eficazes e eficientes”.

O responsável sublinha que a tabela salarial dos farmacêuticos data de 1999 e diz que “o poder político não é sensível” às preocupações da classe. “Nós somos os únicos profissionais de saúde que não tiveram uma reestruturação da sua tabela remuneratória. Facto é que os farmacêuticos, embora sejam pouco visíveis na sociedade, aquilo que fazemos nas instituições, na sombra, salva vidas”, frisou Henrique Reguengo, acrescentando que “estava na altura de o poder político resolver estes problemas. Eu tinha esperança de que com uma ministra farmacêutica, eventualmente conseguíssemos chegar com mais facilidade ao resto do Governo, mas aparentemente não é assim”.