Os hospitais notificaram 38.771 casos de infeção respiratória e 6.262 casos de gripe na época 2023/2024, segundo o Instituto Ricardo Jorge, que aponta uma mortalidade por todas as causas acima do esperado nas pessoas com mais de 45 anos.
De acordo com o último Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe e outros Vírus Respiratórios, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e que se refere ao período entre 25 e 31 de dezembro (semana 52), foram reportados 36 casos de gripe pelas 21 Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) que enviaram informação, consultou a Lusa.
Destes 36 casos foi identificado o vírus influenza A(H1N1) num caso, o vírus influenza A não subtipado em 34 casos e não foi possível identificar o tipo de vírus num dos casos. Dos doentes, 32 apresentavam doença crónica, 33 tinham recomendação para vacinação contra a gripe sazonal, mas apenas nove estavam vacinados (em seis casos a informação é desconhecida).
Desde o início da época de vigilância (02 de outubro), foram reportados 85 casos de gripe pelas UCI que colaboram na vigilância. Do total de casos, 85,9% (73) têm doença crónica subjacente e 91,8% (78) têm recomendação para vacinação contra a gripe sazonal, mas apenas 36,1% (22) estavam vacinados.
Na última semana do ano foram identificados 1.472 casos positivos para o vírus da gripe, dos quais 1.372 do tipo A e 49 do tipo B. Em 147 dos casos foi identificado o subtipo A(H1)e em 14 o subtipo A(H3).
O boletim indica ainda que, das amostras analisadas desde o início da vigilância na época 2023/2024 (02 de outubro), O vírus da gripe A(H1) foi detetado em 88,7% dos casos de gripe.
Foram ainda detetados desde outubro 118 casos de coinfecção pelo vírus da gripe e SARS-CoV-2, que provoca a covid-19.
Segundo o INSA, desde o início da época de vigilância foram detetados outros vírus respiratórios em 106 casos de infeção respiratória aguda/sindrome gripal (IRA/SG), dos quais três são casos de co-infeções. Os vírus detetados foram rinovírus (67), vírus sincicial respiratório (17), coronavírus (6), parainfluenza (13), Adenovírus (1) e enterovírus (5).
Quanto ao Vírus Sincicial Respiratório (RSV), o INSA dá conta de uma atividade epidémica “com provável tendência decrescente” no número de novos internamentos em crianças menores de dois anos. No entanto, o instituto refere que esta tendência “tem de ser interpretada com cautela” dado os possíveis atrasos na notificação e o efeito do período festivo.
O INSA refere igualmente que a maioria dos vírus do subtipo A(H1) caracterizados até ao momento (73%), apresentam características genéticas semelhantes ao vírus contemplado na vacina contra a gripe da época 2023/2024, mas sublinha que os vírus do subtipo A(H3N2) caracterizados até ao momento têm “um conjunto de mutações genéticas em relação ao vírus vacinal desta época”, sendo considerados “geneticamente diferentes” da estirpe contemplada na vacina da gripe.
De acordo com o boletim, a proporção da gripe em UCI tem vindo a aumentar nas últimas duas semanas, atingindo os 17,1% na última semana do ano, valor acima dos registados em períodos homólogos.
O Instituto Ricardo Jorge recorda igualmente que o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, sigla em inglês), refere que “as medidas não farmacológicas tiveram impacto na baixa circulação de agentes patogénicos respiratórios e na redução da imunidade da população, podendo agravar o impacto das doenças respiratórias neste inverno”.
“Assim, o aumento da proporção de casos de gripe em UCI observado na semana 52/2023 pode refletir o aumento na circulação do vírus da gripe, no contexto do aumento da interação social, sem medidas de proteção individual, após um período de circulação reduzida durante a pandemia de covid-19”, acrescenta.