Gripe: Pico será nos próximos dias mas surto é menos complicado
11 de janeiro de 2018 O presidente do laboratório de referência para a gripe estima que o pico da doença se atinja nos próximos dias e que o surto não seja muito complicado este ano, embora esta seja uma infeção que todos os anos mata. Em entrevista à agência “Lusa”, o presidente do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), Fernando Almeida, referiu que os dados reunidos neste laboratório de referência para a gripe apontam para que este «não seja um período muito complicado, em termos de epidemia». Ao INSA cabe a realização de uma avaliação da gripe em duas vertentes: laboratorial (identificação dos tipos de vírus) e epidemiológico (ao nível das consequências da doença). «Neste momento estamos no que consideramos o pleno período de surto», afirmou, recordando que a epidemia demora entre oito a nove semanas e que, atualmente, «estamos a caminhar para o pico» da gripe. Ainda hoje o INSA divulgará um novo Boletim de Vigilância Epidemiológica sobre a gripe, tendo o último indicado uma «atividade gripal epidémica de baixa intensidade», com «tendência crescente». «Só sabemos que atingimos o pico da gripe quando esse gráfico parar de crescer e, a partir daí, existir uma estabilização e depois uma descida. São oito a nove semanas. Estamos a caminho da quarta, quinta semana de plena gripe e ainda é relativamente cedo, mas tudo aponta que o pico seja atingido dentro de uma, duas semanas», adiantou. Fernando Almeida mostra-se confiante no efeito da vacinação contra a doença, tendo em conta que nunca como este ano se vacinaram tantas pessoas contra a gripe. Isto apesar do vírus que circula atualmente não constar da vacina. «Não há problema, porque este vírus B é um dos quais é possível fazer a imunização cruzada, o que quer dizer que quando a pessoa recebe a vacina recebe a estirpe que, mesmo não sendo igual, tem pedacinhos de ADN que são iguais e fica também imunizada. No caso de ter gripe, nunca terá a gravidade e a sintomatologia como se não tivesse a vacina», explicou. Fernando Almeida frisou ainda que o vírus predominante (tipo B) «não é tão virulento», ou seja, «não é tão grave quando provoca a gripe. Se fosse o A era mais complicado», adiantou. Segundo Fernando Almeida, a época gripal significa para o INSA um período «normal» de trabalho. «Estamos permanentemente preparados e integramos o plano para as temperaturas adversas», disse. Relativamente a casos mortais devido à gripe, Fernando Almeida é perentório: «Há casos mortais devido à gripe. Sempre houve e sempre haverá». Os dados relativos à presente época gripal só serão conhecidos mais tarde. Durante a última época gripal (2016/2017), a gripe e a vaga de frio terão sido responsáveis por 4.467 óbitos, segundo o relatório anual do Programa Nacional de Vigilância da Gripe, elaborado pelo INSA, em colaboração com a Direção-Geral da Saúde (DGS). |