Grupo de Estudos de Esclerose Múltipla cria recomendações de Telemedicina para uniformizar o seguimento destes doentes a nível nacional 493

Numa altura em que a pressão dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde continua a aumentar, o Grupo de Estudos da Esclerose Múltipla (GEEM), da Sociedade Portuguesa de Neurologia, acaba de lançar um conjunto de recomendações e boas práticas para melhorar o acompanhamento do doente com esclerose múltipla, com o objetivo de reduzir o risco de exposição ao SARS-Cov2, sem prejudicar o bom seguimento do doente. O documento, agora divulgado no âmbito do Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla, fornece recomendações, uniformizando as melhores práticas a nível nacional, para melhorar o seguimento dos doentes, num contexto de telemedicina, em vetores como a triagem, consulta, monitorização, enfermagem e comunicação com o doente.

No que refere à triagem, os especialistas envolvidos recomendam a implementação de um sistema que permita a recolha de informações do estado do doente antes da consulta e consequente segmentação dos casos por prioridade e principais necessidades. O mesmo documento sublinha também que a videoconsulta deve ser privilegiada em relação à teleconsulta, uma vez que permite estabelecer uma conexão mais próxima entre doente e médico e aceder a mais informação clínica através da avaliação visual.

Sobre a monitorização dos doentes, o grupo de peritos manifesta a necessidade de adiamento de exames não vinculados a protocolo de segurança, o espaçamento do agendamento dos exames de rotina em doentes estáveis e a disponibilização, via e-mail, dos resultados dos exames realizados, evitando a deslocação ao hospital. A consulta de enfermagem deve ser realizada com recurso à telemedicina no intervalo das consultas médicas e sob a forma de videoconsulta de educação ao doente.

Em termos de comunicação, os médicos afirmam ser importante criar uma disponibilidade real para responder às questões do doente. Assim, consideram fundamental a partilha de informação relevante com os doentes através de e-mail ou SMS, a divulgação de informação através de associações de doentes ou do GEEM e a criação de uma linha de apoio aos doentes com esclerose múltipla.
“Estas recomendações foram definidas tendo presente que os doentes com esclerose múltipla podem ser mais suscetíveis à infeção por SARS-CoV2 ou contrair uma forma severa de COVID-19, caso estejam a fazer imunossupressores ou tenham incapacidade física marcada. É consensual a necessidade de ser cada vez mais utilizada a telemedicina, principalmente nesta fase pandémica, para fazer face à indisponibilidade dos serviços hospitalares e à necessidade de redução da exposição ao SARS-Cov2”, defende João Cerqueira, presidente do Grupo de Estudos de Esclerose Múltipla, da Sociedade Portuguesa de Neurologia.

“Para esta mudança, é fundamental a preparação dos profissionais de saúde e dos doentes e seus cuidadores, não esquecendo, contudo, a necessidade periódica de exame ao doente em regime presencial que também não deve ser descurado”, reforça o especialista.

O documento “Recomendações para o seguimento de doentes com Esclerose Múltipla durante a pandemia de Covid-19”, elaborado com o apoio da Novartis, resulta da opinião de 30 especialistas na área da esclerose múltipla com representatividade nacional. Os participantes têm, em média, 15 anos de experiência na área, sendo que 14 seguem menos de 150 doentes e 12 seguem entre 150 e 400 doentes. Relativamente às Unidades Regionais de Saúde, 10 pertencem à ARS Norte, 7 à ARS Centro, 10 à ARS LVT, 1 ao Serviço Regional de Saúde dos Açores e 2 ao Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira.