Guineense internado na Galiza com suspeita de Ébola chegou à Europa através de Lisboa 28 de Outubro de 2015 O guineense que está internado num hospital da Galiza por suspeita de ter Ébola entrou na Europa através do aeroporto de Lisboa, onde depois apanhou num autocarro até à Corunha, informaram fontes sanitárias galegas. O homem guineense, de 24 anos e residente em Espanha, deu entrada no Complexo Hospitalar Universitário da Corunha na tarde de terça-feira, onde lhe fizeram vários testes porque o quadro clínico que apresentava poderia ser compatível com uma infeção pelo vírus do ébola, noticiou a “Lusa”. Hoje de manhã foi transferido para o Hospital Meixoeiro, em Vigo, a unidade de referência na Galiza para este tipo de casos. O chefe de Medicina Preventiva do Complexo Hospitalar Universitário de Vigo, Víctor del Campo, declarou hoje aos meios de comunicação social na Galiza que o doente chegou no domingo a Lisboa, num voo procedente da Guiné. O jovem esteve a visitar a família na Guiné-Conacri durante cinco meses. Foi na capital portuguesa – acrescentou – que o homem apanhou um autocarro até à Corunha, onde pretendia visitar a sua mulher e o filho recém-nascido. Em conferência de imprensa, o sub-diretor geral de Informação sobre Saúde e Epidemiologia (governo regional galego), Xurxo Hervada, também confirmou esta versão, explicando que o homem chegou à Corunha na segunda-feira e que deu entrada nas urgências do Complexo Hospitalar Universitário da Corunha na terça-feira, às 15:00. Estava febril, com vómitos e diarreia e 45 minutos depois foi levantada a possibilidade de estar contagiado com o vírus ébola. Hervada acrescentou que os serviços demoraram «algumas horas» a confirmar os dados da viagem e do trajeto do doente a partir da Guiné-Conacri. Víctor del Campo, por seu lado, afirmou que o «quadro clínico é bom» e que o guineense está «consciente» e colaborativo. «O doente está clinicamente estável e já não tem vómitos nem diarreia», disse. Caso se confirme que tem ébola, o guineense poderá ser transferido para o Hospital Carlos III, ou o Hospital Gómez Ulla, ambos em Madrid, centros de referência para esta doença a nível nacional em Espanha. O transporte seria feito mediante um novo protocolo de segurança entre o Ministério da Saúde e a Xunta da Galiza (Governo regional), em ambulância especializada e por ar, com a colaboração da Força Aérea Espanhola (Ejército del Aire). No entanto, caso a primeira amostra colhida se revelar negativa, as autoridades vão colher – por segurança – uma nova amostra para cultivo na quinta-feira. Assim, não deverá haver um diagnóstico definitivo sobre se o guineense tem ou não ébola até à próxima sexta-feira. O especialista também afirmou que já «foram identificadas» as pessoas que estiveram em contacto com o doente. Todas foram informadas das recomendações pertinentes nestes casos, afirmou Víctor del Campo, colocando a tónica nos profissionais de Saúde das urgências da Corunha. «O risco para as pessoas que estiveram nas urgências da Corunha ao mesmo tempo do paciente é mínimo», assegurou a mesma fonte. Já quanto aos passageiros do autocarro em que viajou o guineense até à Galiza, os dois responsáveis informaram que não conseguiram tomar medidas, porque os bilhetes não continham os nomes dos mesmos. Hervada acrescentou, no entanto, que as autoridades galegas estão a «trabalhar para identificar outros possíveis contactos». O Ébola é um vírus que altera as células, danificando os vasos sanguíneos e as plaquetas. Os doentes ficam incapazes de coagular, o que provoca hemorragias internas e externas até lhes causar a morte. Trata-se de uma doença muito grave, com uma taxa de mortalidade que chega aos 90%. Desconhece-se a sua origem, mas foi detetado pela primeira vez em 1976 no Sudão e na República Democrática do Congo, numa aldeia perto do rio Ébola, que assim deu o nome à doença. |