Depois do INFARMED ter anunciado que as farmácias já estão a ser reabastecidas com medicamentos para tratamento da doença de Parkinson em substituição do Sinemet, o jornal “Diário de Notícias” avança que há mais de 40 ruturas de medicamentos todas as semanas, e seis são graves.
De acordo com dados da Autoridade do Medicamento, em média, há seis ruturas de stock graves, todas as semanas. A estas, juntam-se mais seis de risco médio para a saúde dos doentes e outras 30 de curta duração.
As quebras no abastecimento podem estar relacionadas quer com o fabrico das substâncias , quer com o produto acabado, que pode passar por irregularidades encontradas em inspeções, interrupções de comercialização pelas farmacêuticas e até atrasos no transporte dos medicamentos.
Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e médico de família em Coimbra, disse não ter a noção de que seriam tantas ruturas por semana, mas sublinha que na maioria dos casos estes medicamentos são substituídos por outros semelhantes, sem consequências para os doentes.
«Debatemo-nos, essencialmente, com dois tipos de situações: por um lado, temos os hábitos dos doentes, há uma necessidade de adaptação à nova medicação, que pode até implicar com outros fármacos que as pessoas estejam a tomar; por outro,quando vier o medicamento que estava em rutura, temos de decidir se voltamos a ele ou mantemos a alternativa», acrescenta o presidente.
A solução relativamente às ruturas mais graves no mercado nacional pode passar pela importação de outros medicamentos considerados uma alternativa terapêutica, através das autorizações de utilização especial (AUE). Este ano, a medida já foi aplicada a nove medicamentos, em áreas como a dependência alcoólica, antimaláricos e a oncologia.
«Se o medicamento não está disponível no mercado, nem sequer aparece na lista para ser prescrito. Isto evita que o doente passe por aquela situação de chegar à farmácia e não ter o medicamento que lhe foi receitado, mas permite também ao médico fazer um melhor racionamento em caso de necessidade», argumenta Rui Nogueira, reiterando que o «sistema de prescrição é uma mais-valia».
No que diz respeito às ruturas de risco médio, estas são objeto de maior monitorização, nomeadamente, em articulação com os vários serviços do INFARMED e respetivas empresas detentoras do medicamento, embora demonstrem fraca probabilidade de desencadearem processos de autorizações especiais, segundo a Autoridade do Medicamento. Estes casos raramente evoluem para ruturas com risco de impacto elevado na saúde dos doentes.
Já as ruturas de curta duração, por sua vez, têm alternativas terapêuticas e servem quase exclusivamente para informar os médicos no ato da prescrição. São ruturas de logística, com impacto reduzido.