Há portugueses a tomar medicamentos para prevenir VIH/sida sem controlo médico 30 de Novembro de 2016 Existem portugueses a tomar medicamentos para prevenir o VIH/sida sem controlo médico, segundo a agência “Lusa”, em entrevista ao presidente da associação Abraço, que lamenta a falta de um plano para medicar preventivamente pessoas mais vulneráveis.
Gonçalo Lobo diz ter conhecimento de pessoas em Portugal que tomam um medicamento para prevenir o VIH/sida,recorrendo a conhecidos residentes no Reino Unido e que recebem encomendas feitas online através da Índia.
«O que nos preocupa é pessoas estarem a recorrer sem acompanhamento médico. Porque as pessoas têm de ser previamente testadas, tem de ser analisada a sua função renal e precisam de ser monitorizados outros indicadores clínicos», referiu Gonçalo Lobo. à mesma fonte, em vésperas do Dia Mundial de Luta Contra a Sida.
A profilaxia pré-exposição (PREP) consiste na toma de um medicamento que é um antirretroviral usado para tratar pessoas que vivem com VIH e que tem demonstrado resultados como método de prevenção. Há já países que estão a usar esta forma adicional de prevenção em grupos de maior risco, como os Estados Unidos ou França.
António Diniz, médico e antigo coordenador do Programa Nacional para a Infeção VIH/sida, afirma que os estudos têm demonstrado que o recurso à PREP diminui de forma substancial o risco de adquirir a infeção. Mas o médico salienta que fazer a medicação profilática não significa abandonar as outras medidas preventivas, nomeadamente a utilização do preservativo.
O especialista admite que o facto de haver pessoas que acedem a medicação para prevenção sem acompanhamento médico lança pressão para que os países tomem uma decisão quanto à utilização da profilaxia para o VIH. «Se não decidimos em tempo útil podemos estar a cometer dois pecados. O primeiro é não estar a disponibilizar uma coisa que se sabe que é eficaz. O outro é estar, eventualmente, por omissão, a deixar que as pessoas façam aquisição via Internet, que não é permitida em Portugal, podendo estar a adquirir medicação que sai fora do controlo de qualidade. E são pessoas que não estão a ser clinicamente avaliadas”, afirmou António Diniz à “Lusa”.
Há várias questões que os países têm de definir para avançar com a profilaxia para o VIH/sida, nomeadamente quem prescreve a medicação, quem faz a monitorização das pessoas ou quem as segue e, no limite, quem paga.Chegou a estar planeado um projeto piloto em Portugal para fazer a PREP, em conjunto com uma organização de base comunitária, mas por enquanto não avançou. |