Hepatite C: Faltam medicamentos inovadores específicos para insuficientes renais 571

Hepatite C: Faltam medicamentos inovadores específicos para insuficientes renais

02 de Outubro de 2015

O presidente da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR), João Cadete, reivindicou ontem o acesso dos insuficientes renais crónicos com hepatite C a medicamentos inovadores específicos para o tratamento do vírus nestes doentes.

 

O pedido da associação surge um dia depois de o INFARMED ter anunciado que 107 doentes com hepatite C ficaram totalmente curados através do programa de tratamento lançado em fevereiro e do porta-voz da Plataforma hepatite C, António Parente, ter alertado que o medicamento não está a chegar às prisões.

 

«Nós também temos um grupo de doentes que estão em diálise e são portadores do vírus da hepatite C, que não está a ser devidamente tratado com medicamentos para esta patologia», disse à agência “Lusa” o presidente da APIR.

 

João Cadete explicou que o tratamento para a hepatite C não pode ser administrado aos insuficientes renais crónicos portadores do vírus, porque apenas é indicado para doentes sem patologias associadas.

 

No entanto, disse, «há já nova medicação que pode ser aplicada a este grupo de insuficientes renais [cerca de 800], especificamente os que estão em hemodiálise e que há largos anos lutam contra a hepatite C e não têm tido qualquer acesso ao novo medicamento».

 

«Nós queríamos que o Ministério da Saúde olhasse para este grupo, que embora seja um grupo marginal tem todo o direito de ser tratado como os outros», defendeu João Cadete.

 

Relativamente aos medicamentos inovadores para o tratamento da hepatite C que aguardam aprovação, o INFARMED afirma que «os processos de avaliação de financiamento são complexos, exigindo a negociação constante com as empresas sobre o resultado das avaliações farmacoterapêutica e económica, além das negociações de preço e limite de encargos pelo SNS».

 

«De forma a garantir a sustentabilidade do SNS, é avaliado se o acréscimo de encargos com o medicamento é aceitável face aos benefícios clínicos adicionais que proporciona relativamente às alternativas terapêuticas já disponíveis», adianta o INFARMED.

 

Neste âmbito, encontra-se a decorrer a análise do financiamento dos medicamentos inovadores específicos para o tratamento da hepatite C em doentes insuficientes renais, acrescenta.