Hepatite C: Paulo Macedo quer comprometer UE na redução do custo do novo medicamento para 10% do preço atual 18 de setembro de 2014 Um desconto de 90% no preço do tratamento inovador da hepatite C, que pela primeira vez cura nove em cada dez pessoas infetadas com o vírus, permitiria disponibilizar esta medicação a todos os doentes e não apenas aos que estão em perigo de vida.
Esta é a convicção do INFARMED, que ontem avançou com uma proposta de preço numa reunião na Agência Europeia do Medicamento. Eurico Castro Alves, presidente do INFARMED, revelou ao “i” que foi proposto o pagamento de 4.150 euros por tratamento contra os atuais 48 mil euros. A intenção de Portugal é que os países europeus se juntem para negociar com o laboratório que disponibiliza esta medicação, proposta que irá ser discutida numa reunião dos ministros europeus da Saúde na próxima semana. Segundo Eurico Castro Alves, o valor dez vezes inferior ao que esteve em cima da mesa nos últimos meses foi obtido estudando o que se passou no Egito. Neste país, por ser considerado uma economia em desenvolvimento, o medicamento está a ser comercializado a 700 euros. O INFARMED defende que, existindo na Europa até mais doentes com hepatite C do que no Egito acima de um milhão de doentes, o valor da medicação no mercado europeu deverá apenas refletir a diferença de PIB entre os dois. «As contas que fizemos são simples: se a UE tem um PIB 5,9 vezes superior ao Egito, devemos pagar um valor proporcional, pouco acima dos 4.000 euros». Atualmente Portugal tem cerca de 14 mil doentes diagnosticados com hepatite C mas, enquanto decorrem as negociações com o laboratório que disponibiliza o tratamento inovador, o SNS comprometeu-se apenas com o tratamento de 150 doentes até ao final do ano, alegando que o preço atual da medicação não é suportável. Este compromisso implicará uma despesa na casa dos 7 milhões de euros só com 150 doentes, valor que com a redução de preço defendida na União Europeia permitira abranger de imediato cerca de 1.700 doentes e não apenas os que já se encontram numa fase muita avançada da doença, por exemplo em lista de espera para transplante. Desde o início do ano as autoridades nacionais têm procurado ter uma posição de destaque nos debates internacionais em torno do peso crescente da inovação na área da saúde. Uma das soluções internas já anunciada pelo INFARMED vai no sentido de passar a dividir o risco com as farmacêuticas, ou seja só serem pagos os tratamentos que funcionam. A nível externo, Paulo Macedo já defendeu na Organização Mundial da Saúde mudanças na regulação. |