Hospitais da Península de Setúbal querem diminuir dependência de Lisboa 320

Hospitais da Península de Setúbal querem diminuir dependência de Lisboa

10 de setembro de 2014

Os presidentes dos centros hospitalares de Setúbal, Barreiro/Montijo e Hospital Garcia de Orta pretendem diminuir a dependência dos hospitais de Lisboa.

«Acho que as três instituições da Península têm potencialidades e estruturas que respondem com qualidade às necessidades, sem prejuízo de haver uma ou outra situação de carência. Estas três estruturas têm capacidade para dar assistência com qualidade às pessoas da Península, cerca de 800 mil, em parceira com os Agrupamentos de Centro de Saúde (ACES)», disse à “Lusa” Alfredo Lacerda Cabral, presidente do Centro Hospitalar de Setúbal.

Os conselhos de administração dos Centros Hospitalares de Setúbal, Barreiro/Montijo e Hospital Garcia de Orta, realizaram hoje uma viagem em barco tradicional do Sado, em Setúbal, para assinalar os 35 anos do Serviço Nacional de Saúde.

Joaquim Ferro, presidente do Hospital Garcia de Orta, em Almada, defendeu que o hospital tem respondido «de uma forma exemplar» às necessidades da população, referindo que existe o objetivo de diminuir a dependência dos hospitais de Lisboa.

«Do ponto de vista da capacidade que temos instalada, poderia se diminuir a dependência dos hospitais de Lisboa em algumas especialidades. Temos feito um caminho, estamos melhores mas ainda existem doentes que vão para Lisboa. Entre os três hospitais temos que ter um reforço, numa ou outra área, de modo a conseguir mais autonomia de intervenção», afirmou.

Já Silveira Ribeiro, presidente do Centro Hospitalar Barreiro/Montijo, referiu que o número de profissionais existentes nos hospitais é suficiente, explicando que o problema está relacionado com algumas especialidades.

«Acho que até teremos profissionais a mais em número, agora a distribuição tem problemas em algumas especialidades médicas e também nos enfermeiros. A situação da anestesia é crítica. O nível de atendimento dos hospitais é razoável e temos que tentar resolver o máximo de situações de pessoas da Península», frisou.

Os responsáveis foram unânimes em considerar que a capacidade operatória não é aproveitada, devido à falta de anestesistas.

Em relação aos tempos de espera, em especial nos serviços de urgência, os responsáveis defendem que estão dentro do aceitável, apesar de destacarem alguns problemas que afetam os serviços.

«Temos os serviços estruturados para dar prioridade, nas urgências, a quem tem necessidade de uma resposta imediata. De um modo geral, os tempos de atendimento são aceitáveis», explicou Alfredo Lacerda Cabral.

Já Joaquim Ferro, do Garcia de Orta, rejeitou a ideia que o hospital esteja perto da rotura, referindo que o atendimento está «muito perto do recomendado» pela triagem de Manchester.

«Temos um atendimento nas urgências muito perto do recomendado pela triagem de Manchester. Temos dois meses de experiência com os cuidados de saúde primários para que os cuidados menos urgentes aí possam ter resposta e isso diminuiu a pressão na urgência», disse.

O responsável lembrou ainda que os hospitais têm várias camas ocupadas por pessoas com alta clínica, devido ao facto de não existirem camas suficientes na área dos cuidados continuados, o que depois provoca problemas nas urgências.

«Hoje temos um grau de sustentabilidade nas instituições que não existia e penso que não existem motivos de preocupação. As instituições da Península vivem um bom momento», concluiu.