Hospitais de Coimbra participam na criação de software para genoma dos doentes
03-Abr-2014
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) vai participar no desenvolvimento de uma plataforma de software da start-up Coimbra Genomics, que permitirá a consulta por médicos do genoma dos doentes.
A plataforma de software, que já está em desenvolvimento e que deverá demorar entre dois a três anos a estar concluída, «é completamente inovadora», referiu Nuno Arantes Oliveira, diretor daquela start-up, explicando que, a partir deste projeto, será possível «o médico consultar o genoma do doente, com a permissão do próprio, e perceber qual a ação a tomar face à informação que recebe do genoma».
A partir da plataforma, o médico «consegue saber se é mais ou menos provável o doente ter determinada doença e como é que pode reagir a determinada terapia», aclarou, acrescentando que «esta é uma ferramenta que permite aos médicos a tomada de decisões com base no genoma».
Neste momento, a sequenciação do genoma é feita, normalmente, para «fins de investigação ou para situações médicas muito específicas», demorando «entre uma a duas semanas» a fazer-se a sequenciação do genoma completo de uma pessoa, disse à agência “Lusa” Nuno Arantes Oliveira.
O diretor da empresa considerou que, «num futuro próximo, a sequenciação custará provavelmente menos de mil euros a ser feita», usando-se aqui a informação do genoma de forma «simplificada, útil e validada científica e clinicamente».
Segundo Nuno Arantes Oliveira, o estudo da relação entre doenças e genética é feito «em diferentes áreas terapêuticas», sendo «a área da oncologia e da farmacogenómica [relação entre genes e respostas a diferentes fármacos] as mais evoluídas».
«Em última análise, é aplicável a quase qualquer doença, porque os genes estão relacionados com a maioria das doenças e com as reações às terapias», constatou.
De momento, há uma equipa de duas pessoas da start-up a trabalhar no projeto, que será «aumentada em breve para sete», participando na plataforma o parque tecnológico Biocant Park e da empresa Critical Software.
«Queremos que o CHUC possa ser o primeiro a usar a plataforma», afirmou o diretor da empresa criada em 2012 e que começou a sua atividade em meados de 2013, tendo já celebrado contratos com o instituto chinês BGI e com o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto.