
O Hospital Distrital da Figueira da Foz (HDFF), sede da Unidade Local de Saúde (ULS) do Baixo Mondego, tem três robôs em serviço, o Areias, a Maresia e a Brisa, batizados num referendo aos profissionais de saúde que ali trabalham, e, de entre as suas funções, encaminham utentes para exames, distribuem medicamentos entre os diversos serviços hospitalares e falam e interagem com adultos e crianças.
Teresa Pereira, diretora técnica da farmácia hospitalar, destacou, à Lusa, a mais-valia do robô Maresia, na “poupança, em termos de tempo, face aos técnicos auxiliares de saúde, e substituí-los na distribuição de medicamentos pontuais” aos serviços hospitalares.
“O grosso da medicação são os nossos técnicos que fazem. Mas estes pedidos pontuais, que um enfermeiro ou um médico pede urgente, é um trabalho que não é tão específico e que o robô consegue fazer perfeitamente”, advogou.
E a distribuição de medicamentos pontuais tem associadas características específicas para ser realizada, neste caso, pela Maresia: a robô, porque assim foi batizada enquanto menina, depois de chamada e municiada de medicamentos, num compartimento próprio, pelo técnico Rui Romão, dirige-se ao serviço escolhido e, com a porta fechada, telefona para o interior. O enfermeiro ou enfermeira que estiver de serviço atende a chamada, abre a porta e recolhe, com um código único que possui, os medicamentos que o robô transporta.
Permitir que “as pessoas cheguem mais longe”
Por detrás dos três robôs está o trabalho de uma vasta equipa da ULS do Baixo Mondego, coordenada pelo diretor de sistemas de informação, Mário Antunes, e que envolveu, para além daquele serviço, a comunicação e imagem, serviços gerais, serviços farmacêuticos e áreas médica e de enfermagem, num projeto transversal de transformação digital.
“E a transformação digital na saúde não é uma tendência futura, já é uma realidade”, vincou.
Os robôs, no caso os três em serviço da ULS do Baixo Mondego, acabam por ajudar a tornar mais eficientes os serviços prestados, realizando-os em menos tempo, “sempre com o objetivo de centrar todo esse ganho de valor no utente”, disse Mário Antunes.
Indicou que o projeto em curso foi desenvolvido pela unidade hospitalar com o apoio de especialistas da Universidade de Coimbra, para ser possível perceber o que era possível fazer com a tecnologia, levando em conta eventuais condicionantes e restrições existentes num hospital, concretamente ao nível da segurança dos utentes.
“Estes robôs têm fatores críticos de sucesso, não apenas o de detetarem obstáculos, mas conseguem identificar pessoas, se é uma pessoa com dificuldades de locomoção, uma criança ou um adulto com locomoção normal e adaptam os seus algoritmos para gerir essa segurança”, explicou.
À “magia” dos sistemas de informação, Mário Antunes não deixa, também, de destacar a diversão na interação com os robôs: “A robótica na saúde tem uma área de implementação muito grande, que se pode traduzir em ganhos de eficácia e eficiência. A ideia não é substituir pessoas, é permitir que as pessoas façam mais e cheguem mais longe, através da tecnologia que disponibilizamos. E, vamos ser sinceros, é divertido”, considerou.