O Hospital das Caldas da Rainha vai voltar a realizar cirurgias do cancro da mama após a revogação da suspensão que vigorava desde abril de 2024, informou hoje a Unidade Local de Saúde (ULS) do Oeste.
A revogação da suspensão da atividade cirúrgica, no âmbito da neoplasia da mama na ULS do Oeste, comunicada pela Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), vem possibilitar o “recomeço do tratamento dos doentes com cancro de mama residentes na área de abrangência da ULS do Oeste”, informou o Conselho de Administração (CA), num comunicado, citado pela Lusa.
De acordo com o CA, a ULS do Oeste “dispõe de recursos físicos e humanos adequados à retoma do funcionamento desta valência, dispondo de uma equipa multidisciplinar com formação prático científica com potencial para aumentar o número de doentes tratados anualmente por cancro de mama”.
A retoma dos tratamentos suspensos em abril de 2024, traduz-se, segundo a ULS, em “ganhos em saúde gerados pela integração de cuidados e pela proximidade aos utentes na base dos cuidados de saúde primários, de uma forma financeiramente sustentada”.
No comunicado o CA e a direção do Serviço de Cirurgia congratulam-se com a retoma do tratamento desta patologia dentro da ULS do Oeste, considerando-a uma mais-valia para os utentes, minimizando as suas deslocações para outras instituições com o incómodo e custos associados”.
Motivos para a suspensão
A suspensão da atividade cirúrgica no âmbito da neoplasia da mama tinha sido determinada pela DE-SNS tendo por base um relatório do grupo de trabalho para a elaboração da rede de referenciação hospitalar de Cirurgia Geral.
Nesse relatório, defende-se a restrição do tratamento cirúrgico do cancro da mama “a instituições que realizem pelo menos 100 cirurgias/ano e que tenham pelo menos dois cirurgiões dedicados”.
Este limite determinou a suspensão das cirurgias da mama no Hospital das Caldas da Rainha, onde o tratamento ao cancro da mama é realizado há 40 anos, e desde há 30 anos de forma regular, no âmbito de um protocolo com o Instituto Português de Oncologia de Lisboa.
A decisão foi contestada pela diretora do serviço, Ágata Ferreira, que disse na altura à agência Lusa que o número de cirurgias realizadas neste hospital só era inferior a 100 porque “muitas utentes desta área de influência, sobretudo da área do Agrupamento de Centros de Saúde Oeste Sul, têm sido indevidamente referenciadas para outras unidades de saúde de Lisboa e Vale do Tejo”.
A cirurgiã garantiu que o Hospital das Caldas da Rainha “tem capacidade para dar resposta a toda a população da ULS do Oeste”, estimando que o número de cirurgias aumentasse para “cerca de 150” por ano, já que, com a criação da ULS Oeste, todos os utentes serão referenciados para esta unidade.
Num documento em que pedia à Direção Executiva do SNS que revertesse a suspensão das cirurgias, Ágata Ferreira afirmava que, “numa altura em que se projeta um novo hospital para a região, não se compreende este desinvestimento” na unidade que conta com três cirurgiões dedicados a esta patologia e um cirurgião plástico para reconstrução mamária.
Contava ainda, na altura, com oncologista, imagiologista e patologista dedicados ao cancro da mama e com especialidades como Psicologia Oncológica.