Hospital de Coimbra nega ter violado ética profissional ao anunciar transplante 594

Hospital de Coimbra nega ter violado ética profissional ao anunciar transplante

18 de Dezembro de 2015

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) negou ontem ter violado regras da ética profissional na realização de um transplante, refutando as acusações do Hospital de São João, no Porto.

«O que nós fizemos foi a realização de um transplante de tecido ovárico criopreservado de uma doente oncológica antes de se submeter a um tratamento de quimioterapia», disse à agência “Lusa” a diretora do serviço de Medicina de Reprodução Humana do CHUC, Teresa Almeida Santos.

Essa intervenção numa doente, de 28 anos, visou «preservar a sua fertilidade futura» e foi realizada, no início de novembro, no âmbito do programa de preservação da fertilidade iniciado, em 2010, naquele serviço do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, acrescentou.

O Hospital de São João acusou ontem o CHUC, presidido pelo médico José Martins Nunes, de «violar todas as regras da ética profissional» ao anunciar, no dia 23 de novembro, ter efetuado três semanas antes o primeiro transplante de tecido ovárico em Portugal.

Numa exposição enviada ao presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, o magistrado Eurico Reis, a administração do Centro Hospitalar de São João, reivindica para si esse feito, afirmando ter realizado a 8 de janeiro deste ano o primeiro transplante de tecido ovárico em Portugal.

«Trata-se de um mal-entendido», disse Teresa Almeida Santos, que é também presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução.

A 23 de novembro, o CHUC anunciou que a equipa dirigida por aquela professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra realizou, com êxito, o primeiro transplante em Portugal de tecido ovárico congelado com o objetivo de devolver a capacidade reprodutiva a uma doente oncológica.

«Tanto quanto sei, o transplante realizado no Hospital de São João não foi realizado numa doente oncológica, nem no âmbito de um programa de preservação da fertilidade», afirmou ontem à “Lusa”.

Tendo tomado conhecimento da posição assumida pelo hospital do Porto junto do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, Teresa Almeida Santos revelou ter enviado de imediato o seu esclarecimento ao presidente do organismo, Eurico Reis.