Hospital de Gaia identificou mais quatro doentes contaminados pela superbactéria 22 de Outubro de 2015 O hospital de Gaia divulgou ontem ter identificado mais quatro doentes contaminados com a bactéria multirresistente que já causou a morte a três pessoas e informou estar em curso um «rastreio universal» em enfermarias de alto risco.
«Está em curso o rastreio universal de portadores de Klebsiella pneumoniae produtora de KPC em enfermarias de alto risco (Medicina Interna, Pneumologia, Especialidades Cirúrgicas)», revela um comunicado do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.
Na passada semana, o centro hospitalar divulgou ter identificado, desde 07 de agosto, mais de 30 doentes portadores de Klebsiella pneumoniae, uma bactéria multirresistente que terá surgido em consequência do uso de antibióticos, é de rápida disseminação, transmite-se pelo toque, sobrevive na pele e no meio ambiente e desconhece-se a sua durabilidade.
A Coordenadora do Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobiano do Centro Hospitalar Gaia/Espinho disse então que estavam internadas, em isolamento, 13 pessoas.
O hospital informou ontem em comunicado estarem «internados 17 doentes portadores de Klebsiella pneumoniae produtora de KPC (presença da bactéria sem manifestações da doença) em regime de isolamento, aguardando a resolução do motivo do seu internamento».
O centro hospitalar garante que «foram elaborados circuitos destinados a doentes e portadores» da bactéria para «evitar» a sua disseminação, pelo que «não há motivo de alarme para a população e para os utentes».
«A situação infeciosa no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho está controlada», reitera.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) já admitiu que pelo menos três das oito mortes em doentes portadores ocorreram em resultado da infeção pela bactéria multirresistente identificada no Hospital de Gaia.
O hospital suspeita que a origem do surto tenha sido numa doente que fez vários ciclos de antibiótico e que partilhou, no dia 29 de junho, a mesma unidade de pós-operatório com o primeiro paciente infetado.
Enfermeiros defendem que pavilhão do hospital com superbactéria deve fechar
O presidente do Sindicato dos Enfermeiros defendeu ontem que o Pavilhão Central do Centro Hospitalar de Gaia/Espinho deveria ser encerrado para impedir a disseminação da bactéria multirresistente que já contaminou mais de 30 pessoas.
«Fechar o pavilhão central e mandar os doentes para outro hospital foi a nossa sugestão», contou à “Lusa” José Correia Azevedo, que disse ter visitado ontem aquela unidade de saúde e contactado com os enfermeiros.
O responsável assinalou que «a opinião deles [enfermeiros] é que não há possibilidade de controlo porque o isolamento não é possível».
«As condições internas do hospital não prestam um isolamento eficaz e as preocupações são constantes», realçou José Azevedo para quem o próprio estetoscópio que os médicos transportam ao pescoço durante o dia é um veículo de transmissão da bactéria.
O presidente do sindicato considera ainda ser importante «avisar as pessoas» que visitam parentes no hospital «para não mexerem em nada» porque «correm risco» de ficarem contaminadas com a bactéria multirresistente.
Contactada pela “Lusa”, a Coordenadora do Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobiano do Centro Hospitalar Gaia/Espinho disse que «não há qualquer indicação para o encerramento de todo o hospital ou do Pavilhão Central quando o surto está limitado e localizado».
«Nas áreas clínicas onde foram identificados os casos, procedeu-se ao seu encerramento temporário até à obtenção dos resultados dos rastreios, assim como à desinfeção do ambiente», explicou Margarida Mota.
Questionada sobre a preocupação dos enfermeiros, a responsável respondeu que «as infeções associadas aos cuidados de saúde são inevitáveis em um terço dos pacientes» e lembrou a sua função de «tratar de doentes».
«É nossa obrigação prevenir as infeções, cumprindo todas as medidas de prevenção e controlo de infeção», assinalou, frisando que «não há motivo de alarme para a população, utentes e profissionais» uma vez que «os doentes estão devidamente identificados e sob medidas de isolamento estipuladas».
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