Hospital público de Évora inicia tratamento minimamente invasivo da estenose aórtica 540

O Hospital do Espírito Santo de Évora realizou a primeira implantação de uma válvula aórtica através da técnica minimamente invasiva, a um doente de alto risco com cirurgia coronária prévia, com dois bypass de mamária permeáveis, que inviabilizavam uma reoperação de estenose aórtica e que teve alta ao fim de 24 horas.

Para Lino Patrício, que liderou a equipa multidisciplinar “O hospital executou um plano específico a vários níveis para assegurar condições similares às de outros centros nacionais, com cardiologia de intervenção, cirurgia cardíaca, anestesista, imagiologia, enfermagem e técnicos treinados. Dispusemos de equipamentos de assistência circulatória em caso de emergência, o que raramente acontece, mas é indispensável pois, apesar de ser já uma rotina em muitos locais, trata-se de um procedimento altamente diferenciado por cateterismo”.

O coordenador do CRI Cérebro-cardiovascular acrescentou “Esperamos assim desenvolver uma resposta multidisciplinar em parceria para que os doentes que necessitam de tratar a estenose aórtica possam, doravante, ser avaliados e tratados em proximidade”.

A técnica minimamente invasiva para implante de uma válvula aórtica foi introduzida em Portugal há 12 anos e constitui, para muitos doentes, a única opção, possibilitando uma rápida recuperação dos doentes.

Para Rui Campante Teles, coordenador do Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção (RNCI) da APIC: “Existem diversas barreiras que têm limitado o crescimento da técnica em Portugal, sobretudo a escassez no número de salas de hemodinâmica e de cardiologistas de intervenção. A expansão do tratamento tem ocorrido em paralelo com a sua segurança e projetos no SNS como este, tal como outros lançados por equipas multidisciplinares de Heart Team há vários anos em centros privados, terão certamente um papel na aproximação à prática Europeia e à mitigação das desigualdades no acesso à saúde cardiovascular das populações. É importante organizar e aumentar os recursos para a intervenção cardíaca e atrair mais cardiologistas e cirurgiões cardíacos treinados aos laboratórios de hemodinâmica para que os doentes tenham a reposta que necessitam” concluiu.

Segundo os dados do RNCI, em 2019, foram realizados 746 VAP, o correspondente a uma média de 72 procedimentos por milhão de habitante, ainda bastante inferior à maioria dos países europeus. Assim, em Portugal, estes procedimentos minimamente invasivos da válvula aórtica estão agora disponíveis em 8 centros cardiológicos do Serviço Nacional de Saúde (Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, Hospital de São João, CHUC, Hospital de Santa Marta, Hospital de Santa Cruz, Hospital de Santa Maria, Hospital do Funchal e Hospital do Espírito Santo de Évora) e em vários centros privados.

Para aumentar a consciencialização para a estenose aórtica, a APIC está a promover a campanha Corações de Amanhã. “Acreditamos que com esta iniciativa, que conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República, temos a oportunidade de unir esforços entre todos, que possam contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas acima dos 70 anos”, afirma João Brum Silveira, presidente da APIC.

A estenose aórtica é uma doença que afeta cerca de 32 mil portugueses, sobretudo acima dos 70 anos, limitando as suas capacidades e qualidade de vida. Se não for detetada atempadamente, esta doença pode ter um desfecho fatal, uma vez que a válvula aórtica vai tornar-se cada vez mais estreita, impedido o fluxo sanguíneo para fora do coração.

Os sintomas são cansaço, dor no peito e desmaios.

A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular, uma entidade sem fins lucrativos, tem por finalidade o estudo, investigação e promoção de atividades científicas no âmbito dos aspetos médicos, cirúrgicos, tecnológicos e organizacionais da Intervenção Cardiovascular. Para mais informações consulte www.apic.pt.