Hospital S. João: Partidos reagem à demissão em bloco 20 de junho de 2014
A distrital do Porto do PS considerou esta quinta-feira, em comunicado enviado à “Lusa”, que a demissão de todos os dirigentes intermédios do Hospital de São João é um «grito de desespero» aos cortes, centralização da gestão e financiamento.
«Há um favorecimento de algumas regiões em detrimento de outras. A diferença entre o financiamento, per capita, atribuído à região de Lisboa e Vale do Tejo, ao Alentejo e à região Centro, face ao que é atribuído à região do Norte, mais concretamente no Porto, é verdadeiramente abissal», afirmou.
Os socialistas avançam que a discriminação entre regiões está a aumentar, dado o pedido de cortes «cegos» ser «sempre» feito no mesmo sentido, na mesma proporção percentual, independentemente das diferenças no financiamento.
«Aumenta, gradualmente, o impacto dos cortes, já que o processo de reforma foi suspenso e tem regredido. Vivemos, consecutivamente, desde há quatro anos a esta parte, cortes sem seletividade, banalizados e irracionais», lê-se na nota.
Além da centralização e cortes, a Distrital do PS/Porto lembrou que «o racionamento de medicamentos, nos materiais diversos usados na saúde e meios complementares de diagnóstico, a quase ausência de investimentos em manutenção ou novos equipamentos, traduz uma atitude discriminatória que os conselhos de administração, nomeadamente do Norte, não podem permitir que continue».
PCP: Demissões mostram «degradação» entre Governo e profissionais
O PCP/Porto também reagiu à notícia, afirmando que a demissão «em bloco» dos dirigentes intermédios do Hospital de São João só surpreende quem não está atento à «degradação» das relações do Ministério da Saúde com os profissionais das diferentes classes.
«A reorganização hospitalar prevista em portaria, recentemente publicada, feita contra os pareceres dos interessados, sem suporte técnico sustentável e contra os interesses das populações, é uma imagem de marca de um ministério e de um governo que só se preocupam com os números, a cortar naqueles que mais têm sofrido, e não levam em consideração os prejuízos que causam», refere o PCP, em comunicado enviado à “Lusa”.
Segundo os comunistas, a realidade vivida no Hospital São João e, em geral, no Serviço Nacional de Saúde (SNS), tem como traços dominantes a «degradação» da qualidade dos serviços prestados devido, essencialmente, à falta de materiais.
«Os profissionais de saúde são atingidos nos seus direitos de forma violenta, os hospitais não são contemplados com as verbas indispensáveis ao seu funcionamento e é privilegiada a discricionariedade», lê-se na nota.
O atual Governo está a destruir «progressivamente» o SNS, entende este partido. «Independentemente de posicionamentos e opiniões diversas quanto a opções e questões concretas da gestão do Hospital de S. João, o que hoje aconteceu é apenas um indício do que pode suceder se este rumo de desastre não tiver fim», frisam os comunistas.
PSD: Hospital irá ultrapassar «pequena crise»
A distrital do PSD do Porto considera que as demissões no hospital de São João requerem «alguma atenção por parte do Ministério da Saúde», defendendo porém que aquela unidade de saúde irá «ultrapassar esta pequena crise».
«Não é uma questão agradável, é uma questão que requer alguma atenção por parte do Ministério da Saúde», afirmou à “Lusa” Virgílio Macedo. Para o social-democrata «o hospital de S. João irá ultrapassar esta pequena crise e os seus profissionais irão continuar a fazer aquilo que melhor sabem, [que] é prestar cuidados de saúde de excelência».
«Aqui não há nenhuma desconsideração nem desqualificação para com o hospital de S. João. Existe sim é a continuação, por parte do ministério da Saúde, de políticas que incrementem a utilização eficiente de recursos e que assegurem a qualidade de serviços», continuou.
Ainda assim, Virgílio Macedo assinalou que «esta situação não deixa de ser algo preocupante» e com a qual «o PSD do Porto estará atento, mas também confiante porque o trabalho que tem sido feito pelo ministro Paulo Macedo é de uma excelência e de uma qualidade inatacável». |