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Hospital Santa Maria apoia Cabo Verde na criação de programa de transplante renal

27 de Outubro de 2015

O Hospital de Santa Maria, em Lisboa, vai colaborar com o centro de hemodiálise do Hospital Agostinho Neto, na Praia, ao abrigo de um protocolo que visa criar o primeiro programa de transplantação renal em Cabo Verde.

 

No âmbito do protocolo, assinado ontem na cidade da Praia, equipas do Hospital de Santa Maria vão dar formação e fazer assessoria técnica a médicos e enfermeiros do Hospital Agostinho Neto para fortalecer a capacidade de resposta do centro de hemodiálise, que começou a funcionar em 2014 e atende atualmente 52 doentes, havendo 14 em lista de espera, avançou a “Lusa”.

 

A diretora do Hospital Agostinho Neto, Ricardina Andrade, explicou que desde a entrada em funcionamento do centro de dialise, o envio para Lisboa destes doentes «foi descontinuado», sendo agora necessário o «treinamento e capacitação de médicos e enfermeiros».

 

«Já estamos a fazer diálise, mas sabemos que o objetivo de um doente é não depender da diálise e vamos começar a preparar e a dialogar sobre o próximo passo, que é o transplante», disse Ricardina Andrade.

 

Para já, prosseguiu, ao abrigo do protocolo, o hospital vai focar-se «na qualidade e na segurança da diálise», mas a responsável considera que não «se pode parar por aí».

 

«Vamos ter que começar a planificar porque temos jovens com insuficiência renal que não devem ficar só pela diálise», sublinhou.

 

Carlos Martins, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, que liderou a delegação do Hospital de Santa Maria que assinou o protocolo, disse que a criação de um programa de transplantação renal em Cabo Verde «é uma ambição».

 

«Estamos muito ligados à criação do centro de hemodialise e queremos participar na sua consolidação. Não apenas no centro, mas naquilo que é a natural ambição do hospital e das pessoas que estão hemodialisadas, que é, através da transplantação, terem mais qualidade de vida», disse.

 

Otimista quanto à criação do programa, Carlos Martins recusou contudo fazer uma previsão de quando será possível aos doentes cabo-verdianos fazerem transplantes de rins no país.

 

«São questões que dependem das equipas, da tecnologia, dos doentes, de um conjunto de questões que [adiantar uma data neste momento] seria criar falsas expectativas. Vamos trabalhar para que daqui a um ano existam condições completamente diferentes, vamos começar devagar e criar as condições para que Cabo Verde tenha, num futuro não muito longínquo, capacidade de resposta interna», disse.

 

As duas entidades assinaram ainda protocolos nas áreas da cirurgia geral, urgência geral e gestão hospitalar, ao abrigo dos quais equipas de médicos e técnicos do Hospital Santa Maria se deslocarão a Cabo Verde para dar formação e acompanhar o funcionamento de cada um dos serviços.

 

O Hospital Santa Maria receberá também equipas do Hospital Agostinho Neto para ações de formação.

 

Haverá ainda recurso à telemedicina e às tecnologias para que os médicos do Hospital Agostinho Neto possam participar em encontros de discussão técnica e científica realizados em Lisboa.

 

Segundo Carlos Martins, o objetivo principal dos protocolos assinados é aumentar a capacidade de resposta do Hospital Agostinho Neto e diminuir o envio de doentes para Portugal.

 

A delegação portuguesa parte quarta-feira para o Mindelo, onde irá assinar outros protocolos de cooperação com o Hospital Batista de Sousa.