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HPV: Estudos concluem que as vacinas são eficazes com menos doses

23 de Junho de 2015

Uma equipa de cientistas avaliou a eficácia de uma das vacinas contra o vírus do papiloma humano (HPV), quando administrada em menos doses. Os resultados mostraram que uma dose única oferecia proteção para dois genótipos do vírus, os mais carcinogénicos, cobertos pela Cervarix.

Em Portugal, uma outra vacina contra o HPV, a Gardasil, é já aplicada em duas doses, segundo recomendações do próprio laboratório que a comercializa.

Publicado na revista “The Lancet Oncology”, o estudo sobre a Cervarix vem abrir a possibilidade de se estender a vacina a um número maior de pessoas com os mesmos custos, noticiou o “Público”.

A investigação partiu do cruzamento de dados de dois estudos anteriores – o Ensaio Clínico de Vacinação do HPV na Costa Rica (2005), com 7-466 mulheres, e o Ensaio Clínico da Vacina do Vírus do Papiloma Humano contra o Cancro em Jovens Adultas (2009), com 18.644 mulheres –, que avaliaram a sua eficácia durante os quatro anos subsequentes à vacinação, com menos doses administradas. Estes dois grandes estudos já eram ensaios clínicos de fase III, destinados a demonstrar a segurança, eficácia e benefício terapêutico de um novo medicamento.

A Cervarix protege contra os genótipos 16 e 18 do HPV, responsáveis por cerca de 70% dos casos de cancro do colo do útero. Os resultados da nova análise apontam para uma igual eficácia contra os HPV 16 e 18 na administração de uma dose única, comparativamente às três doses atualmente recomendadas. No entanto, não se verificou uma imunidade igual para os genótipos 31, 33 e 45 do vírus, menos carcinogénicos, para os quais a vacina oferece protecção cruzada parcial, quando aplicada em três doses.

O estudo de 2009 selecionou apenas mulheres seronegativas ao HPV (na Ásia, Europa, América Latina e do Norte), ao contrário do estudo na Costa Rica em 2005, que seleccionou o grupo aleatoriamente. Com a obtenção de resultados de eficácia similares entre os dois grupos de mulheres, o segundo estudo veio assim colocar de parte a possibilidade de os resultados de 2005 se deverem a um reforço da imunidade naturalmente adquirida nas mulheres que já haviam contactado com o vírus.

A eficácia da vacina em garantir imunidade para os genótipos 16 e 18 foi testada com uma dose única, duas doses e as três doses recomendadas. Resultado: os valores situam-se em intervalos que se sobrepõem uns aos outros, pelo que os cientistas consideram não haver diferenças assinaláveis entre eles.

Em relação às mulheres que receberam apenas uma dose da vacina comparativamente às que tomaram as três doses, a concentração de anticorpos no sangue para as estirpes 16 e 18 era quatro vezes mais baixa. Ainda assim, a concentração foi constante durante os 48 meses de avaliação (quatro anos), sendo muitas vezes superior à da imunidade naturalmente adquirida.

Para as mulheres às quais foram administradas as duas doses, a concentração de anticorpos mostrou-se muito próxima da verificada com as três doses, resultando assim em valores de eficácia semelhantes. Os dados do estudo vêm colocar a questão – ainda sem resposta – de qual a concentração mínima de anticorpos necessária para uma protecção eficaz contra o vírus.