IBET está em projeto europeu que procura vacina para todas as estirpes de gripe 587

IBET está em projeto europeu que procura vacina para todas as estirpes de gripe

26-Mar-2014

Investigadores europeus estão a trabalhar num projeto para encontrar uma vacina que proteja contra as várias estirpes de gripe, evitando as vacinações anuais, um projeto com a participação do Instituto de Biologia Experimental Tecnológica (IBET).

«O que se pretende com este projeto é desenvolver uma vacina que consiga proteger contra várias estirpes, tentando no futuro evitar a necessidade de todos os anos termos de vacinar-nos contra a gripe sazonal», explicou ontem à agência “Lusa” a presidente da Comissão Executiva do IBET, Paula Alves.

O IBET, organização dedicada à investigação nas áreas da biotecnologia e ciências da vida, em parcerias com universidades e indústria, nas áreas da saúde, agroalimentar e ambiente, comemorou ontem os 25 anos num evento que contou com a presença dos ministros da Saúde e da Educação.

O projeto europeu para encontrar uma vacina contra todas as estirpes, de sete milhões de euros, recebeu o financiamento da Comissão Europeia, segundo a responsável.

O objetivo é obter «um processo escalonável com um custo que permita levar a vacina, se funcionar, aos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento», salientou Paula Alves.

O IBET será responsável pelo trabalho sobre o processo de produção desta vacina, com mais de 30 variantes mono, tri e pentavalentes e, posteriormente, irá dimensionar, otimizar e validar a vacina à escala piloto, projetando o processo de fabrico em grande escala.

Este processo implica estar em contacto com os investigadores que trabalham no novo conceito em Inglaterra, França e Itália.

Em novembro, iniciou-se oficialmente o projeto e os ensaios começaram em janeiro, nos laboratórios do IBET.

«O projeto foi desenhado para cinco anos, com várias linhas de investigação paralelas, e queremos começar, assim que possível, testes em animais, passando depois para ensaios clínicos em humanos», referiu a responsável do IBET.

Os surtos de gripe que todos os anos afetam as populações de vários países «não matam muito», segundo a especialista, mas o problema é o seu impacto socioeconómico, já que requer idas ao hospital e pode ter efeitos complicados, dependendo da estirpe.

Por isso, «é uma doença que continua a ter um grande impacto nos custos da saúde, mesmo nos países desenvolvidos e se conseguíssemos desenvolver uma vacina que não obrigasse a esta vacinação anual e reduzisse o impacto que a doença tem para as estruturas de saúde pública, era bom», concluiu Paula Alves.

Com uma taxa de incidência anual de cinco a 10% entre adultos e de 20 a 30% entre as crianças, a gripe sazonal é responsável por cerca de cinco milhões de doentes graves e por 250 mil a 500 mil óbitos em todo o mundo, segundo dados citados pelo IBET.