Identificadas proteínas de resistência bacteriana que podem ajudar em novas terapêuticas
23 de maio de 2017 Uma investigação da docente Nádia Osório, da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC), identificou proteínas envolvidas na resistência bacteriana a antibióticos que podem ajudar no desenvolvimento de novas terapêuticas, foi ontem anunciado. O estudo, apresentado em livro hoje, partiu da necessidade de compreender o comportamento das bactérias face aos antibióticos e conhecer os mecanismos de resistência envolvidos. «Se soubermos que mecanismos a bactéria desenvolve, ou passa a expressar quando se adapta ao antibiótico, podemos desvendar novos alvos para o desenvolvimento de novos antibióticos ou de outros compostos químicos ou terapêuticas que depois atuem neles», explica a investigadora, citada em comunicado da ESTeSC. Segundo Nádia Osório, esta é «uma necessidade urgente, dado que cada vez mais as pessoas estão restritas à utilização de antibióticos e que, num futuro próximo, estes podem ser ineficazes e gerar um maior descontrolo no combate a infeções». A investigadora salienta que o uso excessivo ou mal aplicado de antibióticos é hoje considerado um problema de saúde pública, «na medida em que existe uma resistência cada vez maior por parte de bactérias e, consequentemente, maiores dificuldades no combate a infeções». «As pessoas tomam antibióticos errados, em quantidades erradas, porque se automedicam ou então porque às vezes alguém prescreve um antibiótico de largo espetro para erradicar a bactéria sem saber sequer qual é a bactéria ou seu antibiograma», explica a docente da ESTeSC O estudo conseguiu identificar proteínas envolvidas no ganho de resistência bacteriana na espécie estudada, «que pode vir a ajudar no desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas neste âmbito», avançou a “Lusa”. Para Nádia Osório, a investigação veio reforçar que é fundamental uma aplicação regrada dos antibióticos, que «só deveriam ser aplicados em situações muito concretas e devidamente estudadas». «Seria mais assertivo na prática clínica tentar reduzir a aplicação de antibióticos nas situações mais fáceis de tratar. Deveria ser totalmente impeditivo a aquisição de antibióticos sem prescrição, tanto para a veterinária como para a saúde humana, e a população deveria ser constantemente informada das consequências negativas que estes comportamentos podem gerar», sublinhou. Em laboratório, a investigadora concluiu que o uso inadequado de antibióticos cria maior resistência e dificuldades no combate das infeções bacterianas, que anteriormente eram facilmente eliminadas. O lançamento do livro, que resulta da tese de doutoramento de Nádia Osório em microbiologia, decorre hoje, às 16:00, na ESTeSC, inserido na Coleção “Ciência, Saúde e Inovação – Teses de Doutoramento”. |