A Federação Internacional de Fabricantes e Associações Farmacêuticas (IFPMA, na sigla em inglês) realizou uma Conferência de Imprensa (CI) para dar conta dos progressos alcançados nos últimos seis meses no combate à covid-19.
A CI decorreu via online, de Genebra, na Suíça, e contou com a presença de Thomas Cueni (Director Geral da IFPMA), Daniel O’Day (CEO da Gilead), Kenneth C. Frazier (CEO da MSD), Albert Bourla (CEO da Pfizer), Severin Schwan (CEO do Grupo Roche e Vice-Presidente da IFPMA), e David A. Ricks (Presidente da IFPMA, e CEO da Eli Lilly and Company). A moderação foi realizada por Claire Doole.
Todos os participantes se mostraram “totalmente comprometidos” em divulgar com “transparência” os resultados dos testes clínicos, “sejam bons ou maus”.
Concordam que a indústria biofarmacêutica continua a intensificar o trabalho de pesquisa e teste de terapias que podem reduzir as taxas de mortalidade ou diminuir a gravidade da covid-19.
Thomas Cueni, Director General da IFPMA, começou por explicar que “vamos precisar de diferentes medicamentos e soluções, para diferentes pacientes, para diferentes populações, pois a resposta será sempre uma vacina. A resposta clínica para ajudar os pacientes requer várias opções de tratamento, mas não há solução mágica para tratar ou curar pacientes com o vírus”.
O presidente da IFPMA, David Ricks, garantiu que a indústria farmacêutica “continua empenhada” em garantir que os fármacos serão “disponibilizados e acessíveis a todos os doentes que deles necessitarem”.
“Continuamos a ver uma colaboração extraordinária em toda a indústria biofarmacêutica, academia e biotecnologia para acelerar R&D e desenvolver novos tratamentos e vacinas em velocidade recorde”, acrescentando que de modo a “garantir que ninguém seja deixado para trás face a esta doença devastadora, a indústria continua comprometida em garantir que os medicamentos estejam disponíveis e acessíveis para todos os pacientes que deles precisem”.
Como representante da Eli Lilly and Company, indicou que muitos ensaios não funcionaram, e que se encontram a colaborar com outras farmacêuticas no desenvolvimento de outras opções, e que espera nas próximas semanas ter resultados positivos para apresentar.
Já o CEO da Gilead, Daniel O’Day, falou de remdesivir, que numa questão de meses, passou de um medicamento experimental a uma terapia disponível que reduz o tempo de recuperação entre pacientes hospitalizados.
Este medicamento pré-aprovado na Europa, ainda aguarda aprovação nos EUA, mas já se encontra presente em mais de 47 países.
Daniel O’Day falou da responsabilidade da Gilead em “produzir o máximo de remdesivir para o poder distribuir”, um processo complexo com uma série de normas. Adiantou ainda que a farmacêutica já começou a distribuir as licenças de produção, de modo a ser eficiente e ter mais medicamentos, para chegar ao maior numero de pessoas possível, “para que nenhum paciente deixe de ter acesso ao medicamento”.
O CEO da Pfizer, Albert Bourla, referiu que a empresa tem vários ensaios a decorrer, um deles com a Bio Tech que vai avançar para testes clínicos, e que espera no fim do mês ter bons resultados, para poder testar em outubro e de seguida “pedir a aprovação e avançar com a produção no próximo ano”.
Já Severin Schwan, CEO do Grupo Roche e Vice-President da IFPMA indicou que os “resultados obtidos dos ensaios realizados não foram positivos” e que estão agora a “trabalhar em colaboração com outras farmacêuticas”.
E foi na colaboração que Kenneth C. Frazier, CEO da MSD baseou a sua intervenção, ao indicar que esta “vai ser a chave para encontrar uma cura”.
Relativamente à vacina que a farmacêutica está a desenvolver para a covid-19, a EIDD-2801, Frasier avançou que este antiviral “ainda está a ser testado”, e que espera obter resultados ainda este mês. Contudo, esta terapêutica que é direcionada a pacientes hospitalizados com covid-19, só será “aprovada se for segura”.
Aliás, os principais tratamentos da covid-19 analisados são antivirais, anticorpos e plasma convalescente, bem como antiinflamatórios.
Em comunicado enviado após o termo da Conferência, a IFPMA reforça que a “indústria biofarmacêutica se mobilizou numa escala sem precedentes e, dias após a pandemia ser declarada, comprometeu-se a fazer tudo o que pudesse para lutar contra a pandemia e trabalhar em parceria com governos, a OMS e sistemas de saúde em todo o mundo, numa resposta coletiva e combinada”.
Devido a essa situação, neste momento há “mais de 300 tratamentos covid-19 que estão a ser pesquisados ou estão em testes clínicos em todo o mundo: alguns medicamentos reaproveitados que comprovadamente funcionam contra outras doenças mortais, outros tão novos quanto o próprio vírus. Há 22 empresas que estão envolvidas em P&D para a terapêutica e que promulgaram ou estão a conduzir 81 ensaios clínicos avaliando a eficácia da terapêutica”.
A IFPMA indicou ainda que “ensaios clínicos rigorosos demonstraram que a hidroxicloroquina em pacientes com covid-19 não funciona. Tocilizumab também não mostrou nenhuma melhoria acentuada em pacientes adultos com pneumonia grave associada à covid-19. Em contraste, a dexametasona provou ser eficaz em pacientes com covid-19 gravemente doentes. Os investigadores estão agora à espera dos resultados dos tratamentos reaproveitados usados em colaboração”.
A Federação Internacional de Fabricantes e Associações Farmacêuticas deixou, contudo a indicação de que “caso um tratamento seja seguro ou eficaz, as empresas biofarmacêuticas já estão a planear antecipadamente como estar prontas para compartilhar a capacidade de produção a fim de atender à potencial procura”.
Caso pretenda assistir à CI, pode assistir aqui.
Pode consultar todos os ensaios clínicos em vigor aqui.