III Congresso GS1 Portugal – Harmonizar códigos das embalagens 29 de Novembro de 2016 O projeto de adoção de standards globais na Saúde já tem cerca de seis anos; contudo, com o aproximar do deadline, em 2019, começam agora a ver-se implementadas no terreno muitas das medidas que têm sido preconizadas ao longo dos últimos anos. A GS1 abraçou há meia dúzia de anos o projeto de adoção de standards globais na Saúde, para «permitir uma maior visibilidade, rastreabilidade e eficiência de um setor que lida com vidas humanas», garantiu João de Castro Guimarães, diretor executivo da GS1 Portugal, que defende «a segurança dos pacientes, o combate inequívoco ao desperdício e à contrafação, assim como a sustentabilidade das contas públicas». Beatriz Jorge, gestora para a Saúde da GS1 Portugal, chamou a atenção para o facto de Portugal e Itália serem os únicos países da Europa que ainda não implementaram o sistema GS1 na Saúde, «continuando a utilizar standards proprietários na identificação dos seus medicamentos, válido apenas dentro das suas fronteiras e inconforme com os outros países, sendo fonte de grandes ineficiências para toda a cadeia de valor». E, segundo o estudo coorganizado pela GS1 Portugal e a consultora Augusto Mateus & Associados, «os standards geram poupanças globais a 10 anos entre 561 a 791 milhões de euros». Os resultados revelaram que o elo da cadeia de valor que previsivelmente mais tem a ganhar com a adoção simples dos standards será o das unidades hospitalares, «com uma poupança acumulada que pode chegar aos 204 milhões de euros». Já as farmácias, no seu conjunto, poderão obter «no limite, poupanças de 129 milhões de euros, perfilando-se como o segundo elo mais bem posicionado para beneficiar com esta alteração de paradigma. Seguem-se os grossistas, a Indústria Farmacêutica e a dos Dispositivos Médicos, com poupanças acumuladas que podem atingir, respetivamente, 99 milhões de euros, 68 milhões de euros e 60 milhões de euros». Nova regulamentação europeia Mas qual é afinal o grande objetivo desta estratégia? «A identificação única e inequívoca de pessoas, locais, equipamentos, dispositivos médicos e medicamentos para garantir a rastreabilidade e eficiência, sempre com foco na redução de custos e na automatização dos processos, contribuindo ainda para a prevenção da contrafação e erros médicos», explica Beatriz Jorge, acrescentando que este sistema vai permitir «a inserção de dados e de informação de forma automática, facilitando o trabalho de todos os intervenientes na cadeia do medicamento». Melhorar gestão de stocks Assim, para cimentar melhor esta necessidade, a GS1 Portugal organizou um congresso no dia 20 de outubro, que decorreu no Museu do Oriente, em Lisboa, e que contou com cerca de 350 participantes. Ao longo do dia de trabalhos foram apresentadas e debatidas as várias aplicações nos diferentes setores deste sistema de codificação, mas coube a Ulrike Kreysa, vice-presidente Healthcare do GS1 Global Office em Bruxelas, uma das apresentações mais aplaudidas, com o tema “European Regulations… Make it easier using GS1”, mesmo pelos profissionais da área do retalho, com João de Castro Guimarães a lamentar a ausência das diferentes entidades da área da Saúde, até porque garante que associações como a «ANF ou a APIFARMA ainda não reconhecem o nosso valor». Diminuir erros médicos Além disso, para a vice-presidente Healthcare do GS1 Global Office em Bruxelas ao haver uniformização os «recalls dos medicamentos e dispositivos médicos é facilitado, pois atualmente nos recalls é difícil localizar os produtos». Um exemplo disso são os implantes mamários “polémicos” «dos quais continuam por localizar cerca de 30 mil unidades», frisou a responsável, advogando que, «desta forma, é possível localizar todo o percurso do medicamento ou dispositivo médico, desde quando foi produzida uma vacina e todo o seu percurso até ser administrada numa criança em África». Ulrike Kreysa garante ainda que «tudo isto vai permitir uma maior e mais eficaz luta contra a contrafação e garantir que o produto certo vai estar no lugar certo, à hora certa» e recordou o caso da neta, que nasceu prematura e em que esta monitorização transmitiu outra segurança, «porque todos podemos ser ou vir a ter algum familiar doente, pelo que a implementação de um sistema de standards único e global é muito importante». Obrigatoriedade de implementação até 2019 GS1 Healthcare Award atribuído ao Hospital de Cascais Vasco Antunes Pereira, presidente do conselho de administração do Hospital de Cascais, explicou que «com esta implementação, verificámos uma diminuição significativa no tempo despendido pelos profissionais de saúde com a administração dos medicamentos, o que, consequentemente, assegura uma maior disponibilidade para o acompanhamento a todos os doentes e uma melhoria na prestação de cuidados de saúde. As pessoas são a nossa prioridade e acreditamos que a utilização de tecnologia e a implementação de processos inovadores como este, permitem uma maior humanização hospitalar». Ulrike Kreysa: «O prazo é para cumprir!» – Quais as principais vantagens para o setor da adoção da nova regulamentação europeia no que concerne à rotulagem dos medicamentos? |