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Indústria Farmacêutica gastou 40 milhões de euros em lobbying na UE

02 de Setembro de 2015

A Indústria Farmacêutica gastou no ano passado cerca de 40 milhões de euros, aproximadamente 15 vezes mais dinheiro em lobbying, na União Europeia (UE) do que todos os representantes da sociedade civil que defendem a saúde pública ou o acesso aos medicamentos na Europa, revela um relatório do Corporate Europe Observatory (CEO), um grupo que defende a transparência nas instituições da UE, como a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu.

 

Estes gastos da Indústria distanciam-se dos valores dos grupos de consumidores e representantes da sociedade civil que gastaram no mesmo período  2,7 milhões de euros na defesa dos seus interesses, noticiou o “Público”.

 

Para os autores do estudo do CEO,  o poder dos grupos de pressão das multinacionais da  Indústria Farmacêutica é evidente, bastando consultar as declarações que constam do registo da transparência para o perceber. Só as empresas deste setor, que é «um dos mais lucrativos do mundo», declararam 22,9 milhões de euros, enquanto as associações da Indústria indicaram um gasto aproximado de 7,7 milhões de euros e as dez maiores empresas de lobbying tiveram uma receita de 8,1 milhões de euros.

 

Mas a «verdadeira despesa pode ser muito maior», avisam os autores do relatório, que descreve os canais de influência da “big pharma” na União Europeia e adianta exemplos de leis e políticas que terão sido de alguma forma influenciadas pelos interesses da Indústria Farmacêutica.

 

Os responsáveis do CEO defendem mesmo que a Indústria Farmacêutica possui uma vasta «máquina de lobbying em Bruxelas» e gozam de um acesso «quase sistemático» aos decisores da Comissão Europeia. Um cenário que preocupa o CEO, que admite ter «sérios receios face à excessiva influência da “big pharma” no processo de decisão, em detrimento da saúde pública e da defesa dos consumidores». É necessário, reclamam os responsáveis deste grupo, que a situação seja reavaliada com urgência, começando por se impor a «transparência total» dos registos.