INEM comprou monitores para ambulâncias, mas são desadequados a veículos 561

INEM comprou monitores para ambulâncias, mas são desadequados a veículos 

27 de Agosto de 2015

As ambulâncias de emergência do INEM começaram esta semana a receber monitores de sinais vitais, pelos quais aguardavam há um ano, mas os equipamentos que chegaram são hospitalares e, por isso, não podem funcionar em veículos, denuncia o sindicato.

 

«Os novos monitores [que medem os sinais vitais do doente] que começaram esta semana a ser colocados nas ambulâncias são hospitalares, em vez de serem pré-hospitalares [adequados a viaturas de emergência]», denunciou à Lusa Ricardo Rocha, do Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência (STAE).

 

Os equipamentos hospitalares são para os hospitais, «têm que ser fixos à parede, não podem sofrer vibrações, não podem apanhar pó ou água, o que é incompatível com a atividade de uma ambulância de emergência. Isto está escrito no manual de instruções», acrescentou.

 

«Neste momento, as nossas ambulâncias com técnicos são cerca de 70, não tem ECG [eletrocardiograma] ou monitor a funcionar e não têm impressora. Um dos monitores, passados dois dias, já estava avariado», contou.

 

Segundo Ricardo Rocha, os monitores de sinais vitais, fundamentais para a sobrevivência de vítimas de enfarte, estavam para ser trocados desde julho do ano passado, porque os que receberam na altura eram desadequados.

 

«Há cerca de dois anos o Conselho Diretivo da altura disse que os monitores não eram adequados. Entretanto terminou o mandato. A nova presidente esteve em transição e não resolveu nada. Entretanto este Conselho Diretivo assumiu funções. Avisámos o presidente de que faltavam monitores», conta Ricardo Rocha.

 

Na sequência deste alerta, o presidente terá dito, em julho de 2014, que iria «mandar para trás os monitores e mandar vir outros adequados», disse à “Lusa” o representante sindical, acrescentando que, mais de um ano depois, estão a entrar agora os monitores, que continuam a ser desadequados, o que leva o sindicato a questionar se serão os mesmos e, portanto, o presidente não fez nada, ou são outros, mas vêm na mesma errados.

 

A ausência de monitores de sinais vitais pré-hospitalares impede os técnicos de porem em prática o protocolo estabelecido para doentes com dor torácica e sintomas de enfarte, tendo que – nessas situações – pedir um carro médico (VMER), disse.

 

«Nós não temos maneira de perceber se é enfarte ou não. Ligamos para o CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes] e pedimos uma VMER. Se não há VMER, o doente vai para a urgência básica, onde faz o ECG. Caso se detete o enfarte o doente ainda tem que ser transportado para uma unidade que lhe possa fazer a angioplastia primária», afirmou, sublinhando que é muito tempo que se perde, para uma doença em que um minuto pode fazer a diferença entre a vida e a morte.

 

Contactado pela “Lusa”, o INEM afirma que os monitores novos com que está a equipar as ambulâncias foram encomendados e com especificações feitas pelo anterior Conselho Diretivo do INEM.

 

O concurso iniciou-se em 2013 e foi «elaborado segundo critérios estipulados por administrações anteriores», com quem o STAE «tinha contactos muito próximos», tendo-lhes sido dado a conhecer todas as especificidades do material, acrescenta.

 

O instituto sublinha ainda que, mesmo que o atual Conselho Diretivo tivesse querido anular o concurso, não lhe era já possível fazê-lo quando entrou em funções.

 

«No entanto, o INEM reafirma a capacidade e a qualidade destes monitores para realizar ECG de 12 derivações de eletrocardiograma e transmissão de dados, que não é muito habitual executar em ambiente exterior, e que vão permitir um upgrade no atendimento e no socorro em emergência médica à população».

 

O INEM salvaguarda que «são muito poucas as escolhas do mercado de monitores (exclusivamente monitores) com esta opção» e que «estes monitores vão permitir implementar o protocolo de dor torácica».

 

Contudo, o instituto não respondeu se os monitores são hospitalares, não podendo estar sujeitos a vibrações e a outras condicionantes próprias de trabalho em viatura de emergência, como acusa o STAE.