Infarmed aprova comparticipação de tratamento para prolongar sobrevida associada a cancro raro dos olhos 414

A Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) aprovou a comparticipação do Kimmtrak (tebentafusp) pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), após a aprovação do medicamento pela Comissão Europeia, em abril de 2022, como a primeira terapia com recetor de células T (TCR) e o primeiro tratamento a demonstrar sobrevida prolongada em adultos HLA-A*02:01-positivos com melanoma uveal metastático ou irressecável (mUM – metastatic uveal melanoma), uma forma agressiva de cancro ocular.

Em comunicado, é explicado que o fármaco é “um novo TCR biespecífico, uma imunoterapia desenvolvida que utiliza a plataforma tecnológica ImmTAC, propriedade da Immunocore. Esta terapia está disponível para pessoas que vivem com mUM nos EUA, Canadá, Austrália, Reino Unido (exceto Escócia) e em muitos países da UE, incluindo agora Portugal”.

“O tebentafusp demonstrou um benefício de sobrevivência a longo prazo no melanoma uveal, com um terço dos doentes vivos após três anos de seguimento. Isto dá esperança aos doentes que apresentam este tumor agressivo que, até agora, não tinham opções terapêuticas dirigidas para as metástases”, salienta, em comunicado, Rui Proença, oftalmologista no Centro Nacional de Referência de Onco-Oftalmologia do Hospital Universitário de Coimbra.

Até 50% dos indivíduos com melanoma uveal desenvolvem metástases, principalmente no fígado. Antes da aprovação de Kimmtrak, o melanoma uveal metastático estava associado a mau prognóstico, com metade dos doentes a não sobreviver mais de um ano após o início da doença.

Não obstante, “o tebentafusp é o primeiro medicamento de uma nova classe terapêutica que funciona guiando o sistema imunitário em direção ao tumor”, explicou, também em comunicado, Ana Rita Sousa, médica oncologista na ULS Santa Maria em Lisboa, acrescentando que “o tebentafusp demonstrou um benefício clínico significativo numa doença para a qual, até agora, não existia qualquer medicamento aprovado. Como tal, ter aproximadamente um terço dos doentes vivos após três anos de seguimento é um avanço muito significativo”.

 

Melanoma uveal

Embora classificado como raro, o melanoma uveal é o cancro ocular mais comum em adultos, com uma incidência estimada de 2,4/1 000 000 pessoas por ano.

Até 50% das pessoas com melanoma uveal acabam por desenvolver doença metastática. As pessoas com doença metastática tinham anteriormente uma sobrevida global mediana inferior a um ano.