INFARMED: Constituído grupo de trabalho no âmbito do tratamento da hepatite C
15-Maio-2014
O INFARMED promoveu ontem uma reunião com os maiores especialistas em hepatite em Portugal para a definição de uma estratégia nacional, para a terapêutica da hepatite C.
Esta reunião, contou com a presença do ministro da Saúde, Paulo Macedo e com o presidente do INFARMED, Eurico Castro Alves e restantes membros do conselho diretivo.
As principais conclusões desta reunião foram a constituição de um grupo de trabalho para definição de critérios de inclusão e exclusão de doentes nos protocolos terapêuticos da hepatite C, a definição dos parâmetros a ter em conta na identificação dos doentes prioritários para tratamento e a implementação de um registo electrónico de prescrição e monitorização que permita recolha de dados farmacoepidemiológios e farmacoeconómicos, revelou a autoridade numa nota.
Novo medicamento contra hepatite C disponível em Portugal em junho
Um novo medicamento contra a hepatite C que foi aprovado na Europa em janeiro vai estar disponível em Portugal a partir de Junho. A garantia foi dada pelo INFARMED que, contudo, salvaguardou que haverá critérios rigorosos para seleccionar os doentes que podem beneficiar com o fármaco.
O presidente do INFARMED, Eurico Castro Alves, adiantou ao “Diário de Notícias” que a avaliação do custo/benefício do medicamento em causa será concluída no prazo de um mês. Depois, explicou, será altura de negociar o preço a pagar pelo fármaco com a Indústria Farmacêutica e decidir quantos doentes poderão ser tratados.
O medicamento em causa custa cerca de 48 mil euros para um tratamento de apenas três meses, o que atrasou a decisão de o ver comparticipado pelo Serviço Nacional de Saúde e justifica que os critérios de inclusão no protocolo sejam apertados. Segundo Eurico Castro Alves, está neste momento a ser estudado um sistema semelhante ao utilizado na Hungria, em que os doentes são classificados em vários itens por pontos, de modo a definir prioridades.
Haverá, segundo o “DN”, pelo menos mais de 80 doentes a aguardar pelo fármaco que tem mostrado resultados promissores: cerca de 90% das pessoas ficam curadas, mesmo em estados mais avançados de hepatite C, pelo que se evitam outras intervenções complexas, como o transplante hepático. Mas Eurico Castro Alves defende que, mesmo com estes resultados, a farmacêutica que já comercializa o medicamento está a pedir um preço demasiado elevado, pelo que deverá ser renegociado. Há também outro laboratório que aguarda aprovação de um medicamento semelhante.
Até agora, o INFARMED já reuniu com um grupo de peritos internacionais e, na quarta-feira, com um conjunto de mais de 20 especialistas portugueses. Isto porque a autoridade entende que os clínicos serão fundamentais na hora de definir e cumprir os critérios de eleição para se fazer o medicamento. O próximo encontro será com os hospitais que tratam a doença, para garantir que as regras são as mesmas em todo o país e que as unidades se responsabilizam por cumprir o que for definido.
Ao todo, em 2013 a doença custou ao Estado dez milhões de euros só em tratamento. Para este ano estava prevista uma verba adicional de cinco milhões, que deverão ser reforçados em 2015 perante a entrada de novos tratamentos. Estima-se que existam no país entre 100 a 150 mil portadores da doença, sendo que apenas 30% sabem que estão infectados e destes, 30% a 40% são tratados. Em muitos casos, a doença causada por um vírus não dá sintomas, sendo por isso detetada em estados mais avançados.