INFARMED: Despesa com anticoagulantes ultrapassou 100 milhões em 2018 943

A despesa com anticoagulantes no SNS cresceu 25% em 2018, ultrapassando os 100 milhões de euros, segundo os dados divulgados pelo INFARMED.

Em 2018 a despesa com a comparticipação de medicamentos anticoagulantes subiu para 100.028.611 euros, um aumento de 25% relativo aos 80.040.138 euros de 2017.

Os dados indicam um aumento da utilização dos novos medicamentos anticoagulantes, que, na opinião do novo presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Vitor Gil, foram muito vantajosos para os doentes. «Estes novos medicamentos anticoagulantes trouxeram muitas vantagens, quer na comodidade para o doente, pois com a varfarina era preciso fazer análises de controlo mensais, por vezes até com frequências superiores, que nos riscos hemorrágicos, que são substancialmente inferiores à varfarina, especialmente o risco de hemorragia cerebral (metade)», disse à agência “Lusa” Vitor Gil.

Vitor Gil aponta ainda como outra do dos benefícios para os doentes o facto de os novos anticoagulantes não interferirem com alimentos, ao contrário da varfarina. «Além da comodidade de o doente não ter de fazer análises com a periodicidade que tinha na varfarina, por vezes o que acontecia era que os doentes nem estavam bem tratados», acrescentou.

Segundo o INFARMED, a utilização dos novos anticoagulantes verificou uma tendência de aumento desde 2010, mais intensificada a partir de 2014, e os mais utilizados nas faixas etárias mais velhas são os que registaram maior subida.

O novo presidente da SPC vê com bons olhos este aumento, afirmando que significa «mais doentes tratados e mais acidentes vasculares cerebrais evitados, com todas as consequências pessoais, sociais». «São doentes que, depois, nos programas de reabilitação e na incapacidade vão também pesar muito e estas contas devem ser feitas. Se se deve poupar é noutras coisas, não aqui», afirmou. «E se o aumento é sobretudo [nos medicamentos usados pela] população idosa, saúdo ainda mais, pois estes medicamentos são mais cómodos e mais seguros na população idosa», notou.

Estes medicamentos são maioritariamente usados num tipo de arritmia, a fibrilhação auricular, que tem um risco cinco vezes maior de acidente vascular cerebral por causa da formação de coágulos. Segundo dados da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, 2,5% da população portuguesa padece de fibrilhação auricular e a partir dos 80 anos a prevalência é de 10%.