INFARMED: Quase todos os funcionários se opõem à mudança para o Porto 761

INFARMED: Quase todos os funcionários se opõem à mudança para o Porto

 


23 de novembro de 2017

A quase totalidade dos funcionários do INFARMED não concorda com a transferência da instituição para o Porto e 92% dizem estar indisponíveis para a mudança, disse ontem o coordenador da comissão de trabalhadores.

Rui Spínola, que falava em conferência de imprensa em Lisboa, avançou que será criado um grupo de trabalho pela tutela para avaliar as implicações da transferência dos trabalhadores do INFARMED para o Porto e se a conclusão for «não passar a agência (para o norte do país) a decisão volta atrás», citou a “Lusa”.

Os trabalhadores da instituição vão pedir reuniões com o Presidente da República, com o primeiro-ministro e com os grupos parlamentares para analisar esta decisão do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, que classificam de «inesperada e extemporânea», ressalvando que não se trata de uma tomada de posição contra a cidade do Porto.

Durante o plenário de trabalhadores realizado ontem foi feito uma “sondagem” e num total de 321 respostas, 312 colaboradores (97%) responderam que não concordam com a decisão de mudança do INFARMED e 291 (92%) responderam que não estão disponíveis para integrar esta transferência.

«Estes resultados demonstram a inequívoca união dos nossos trabalhadores perante uma situação inesperada para a qual não foi apresentada qualquer fundamentação técnica», disse Rui Spínola.

Perante um auditório com 275 lugares repleto de funcionários, Rui Spínola listou um conjunto de cinco riscos relacionados com a mudança do INFARMED para o Porto, anunciada na terça-feira pelo ministro da Saúde, depois de a cidade ter perdido para Amesterdão a instalação da sede da Agência Europeia do Medicamento, que deixará de estar em Londres, na sequência do ‘Brexit’.

Entre os riscos apontados está a perda de quadros «altamente experientes», as dificuldades de coordenação e articulação, assim como as perdas de influência no contexto europeu, de competitividade e de reconhecimento internacional.

A comissão de trabalhadores realçou ainda que, «ao contrário do que foi publicamente referido sobre a maturidade desta intenção política, o plano estratégico do INFARMED para 2017-2019, homologado em 29 de setembro de 2017 pelo ministro da Saúde, não prevê qualquer transferência».

A intervenção de Rui Spínola foi sendo aplaudida pelos funcionários presentes e no final recebeu uma ovação de pé.

O INFARMED tem 350 trabalhadores, mais cerca de 100 colaboradores externos que incluem especialistas e alguns deles presentes na conferência de imprensa.