
Os medicamentos biológicos “têm contribuído para a alteração da história natural de muitas doenças, revelando-se alternativas eficazes quando as terapêuticas convencionais já não funcionam, melhorando a qualidade de vida das pessoas com doenças autoimunes, doença oncológica e diabetes, entre outras”, referiu Ana Tenreiro, da direção da Plataforma Saúde em Diálogo, na segunda sessão das Innovation Talks: Ligados pela inovação em saúde, dedicada ao tema Terapêuticas biológicas: o que precisamos de saber.
A utilização destes medicamentos tem sido, no entanto, “condicionada por vários obstáculos”, muitos dos quais foram abordados na mesa redonda que congregou ontem, no auditório da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paróla, farmacêutica hospitalar na ULS Lisboa Ocidental, Luis Cunha Miranda, presidente do Colégio da Especialidade de Reumatologia da Ordem dos Médicos, Armando Alcobia, membro da Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica, Joana Camilo, presidente da Associação Dermatite Atópica Portugal (ADERMAP) e o presidente da Plataforma Saúde Em Diálogo, Jaime Melancia, aqui também a representar a sua associação, a PSOPortugal – Associação Portuguesa de Psoríase.
Ao NETFARMA, Jaime Melancia defendeu que “há que dar mais equidade de acesso aos medicamentos inovadores. Não pode ser só nalguns hospitais ou que os doentes de Lisboa, Porto ou Coimbra tenham melhor acesso do que os que estão nos Açores, Algarve ou Trás-os-Montes”. “Há que replicar as Boas Práticas”, isto é, “aquilo que de bom é feito em muitos hospitais, mas infelizmente não em todos, em prol da qualidade de vida dos doentes”, acrescentou.
Neste contexto, a dispensa de medicamentos hospitalares em proximidade “vai ser algo muito benéfico” para os pacientes elegíveis. Ter a possibilidade de escolher a farmácia ou o centro de saúde mais perto do domicílio, evitando a necessidade de realizar periodicamente grandes viagens, “vai mudar muito a sua qualidade de vida”.
A mesa-redonda foi precedida de uma conferência de João Gonçalves, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL), que partilhou os seus conhecimentos sobre “o papel das terapêuticas biológicas na alteração do prognóstico de doenças”.
O docente e investigador da FFUL reforçou o valor destas terapêuticas no melhor prognóstico de muitas doenças e na qualidade de vida dos pacientes. Abordou, designadamente, os aspetos relacionados com a segurança e eficácia e desmistificou alguns receios e mitos associados à sua administração e efeitos adversos.
No encerramento da segunda edição das Innovation Talks, que contou com a presença do bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Helder Mota Filipe, e Helena Farinha, vogal do Conselho de Gestão da Direção Executiva do SNS, Ana Sampaio, da direção da Plataforma Saúde em Diálogo, reforçou a necessidade de superar as dificuldades e obstáculos que condicionam o acesso às terapêuticas biológicas.
A “atualização das normas de orientação clínica e algoritmos de suporte à decisão clínica, que devem evoluir com o objetivo de minimizar o tempo de avaliação e de aprovação internos destas terapêuticas em contexto hospitalar”, a “padronização de procedimentos entre unidades hospitalares, evitando variabilidade no processo”, e o “combate à desinformação/preconceito em relação a estas terapêuticas, quer por parte dos doentes, quer por parte dos próprios profissionais de saúde”, são algumas das medidas defendidas pela Plataforma.