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Instituições de solidariedade disponíveis para prestar cuidados de saúde primários

30 de setembro de 2014

O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), padre Lino Maia, disse ontem que estas entidades estão disponíveis para prestar cuidados de saúde primários, adiantando que decorrem negociações com o Governo neste sentido.

«Temos muitas IPSS [instituições particulares de solidariedade social] por todo o país que, muitas vezes, têm um médico, têm enfermeiros, têm pessoas habilitadas para prestar cuidados primários», disse Lino Maia, ontem em Fátima, à margem do encontro nacional “As IPSS e a Saúde – Perspetivas para o século XXI”.

O responsável afirmou, segundo a “Lusa”, que foram disponibilizados estes «recursos humanos e logísticos para que haja um maior e um melhor atendimento, particularmente às zonas mais deprimidas», considerando que, «onde não há resposta pública», estas instituições podem dá-la.

Segundo o presidente da CNIS, com esta proposta, apresentada ao Governo, mas que carece ainda de resposta, «todos lucrariam».

«As instituições, porque tinham apoio para os seus recursos humanos, o Estado pouparia porque não precisava de ter recursos humanos em toda a parte e a comunidade lucraria porque tinha respostas de proximidade e não tinha que fazer grandes deslocações, muitas vezes sem meios», considerou.

Questionado sobre se há custos muito elevados com esta proposta, o responsável negou.

«É uma espécie de complementaridade, porque as instituições, em meios deprimidos, têm um lar, têm já um médico, têm enfermeiros. Portanto, era só disponibilizar algumas horas para o serviço à comunidade e ser apoiado por essas horas», adiantou, explicando que esta proposta integra um protocolo que está a ser negociado com vários ministérios e o setor solidário.

O responsável esclareceu que neste protocolo e no âmbito da saúde está ainda em análise a transferência dos hospitais, os cuidados continuados e os casos de pessoas que são abandonadas em hospitais para as quais as IPSS vão procurar respostas.

Aos jornalistas, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, reconheceu que, em termos de futuro, se pode construir com as IPSS «uma colaboração em novas áreas», apontando a possibilidade «de algum tipo de acordo, convenção, na área de cuidados primários», dado que são necessárias «várias iniciativas» para o país «ter um médico de família para todos os portugueses».

«Temos um período excecional de três, quatro anos, até podermos ter termos médicos suficientes contratados pelo Estado diretamente», explicou, defendendo a necessidade de «recorrer a várias outras formas durante um período transitório».

Para Paulo Macedo, «aqui há claramente uma janela de oportunidade» de colaboração com as IPSS e também de desenvolvimento do trabalho em curso «nas unidades de média e longa duração na parte de cuidados continuados».