De acordo com uma sondagem realizada pelo Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR), da Associação Nacional de Farmácias (ANF), nunca a falta de medicamentos afetou tanto os portugueses.
Mais de metade dos utentes (52,20%) deparou-se com algum tipo de indisponibilidade de medicamentos na farmácia, durante o último ano. Percentagem que chega quase aos 70% nos distritos de Beja e Guarda (68,22% e 67,30%, respetivamente).
A indisponibilidade de medicamentos levou a que 1,4 milhões (21,50%) de utentes tivesse de recorrer a consulta médica para alterar a prescrição. Esta situação causou elevados custos não só para o utente (2,1M€ a 4,4M€), mas principalmente para o o sistema de saúde (35,3M€ a 43,8M€).
As regiões que registaram mais ocorrências deste tipo foram as mais desertificadas e economicamente mais desfavorecidas do interior do país. O distrito de Beja surge como o mais prejudicado, registando o maior número de pessoas obrigadas a interromper o tratamento devido à falta de determinados fármacos: 9,30%, quase o dobro da média nacional que é de 5,70%. A seguir vêm os distritos da Guarda, Bragança e Viseu.
Os utentes dos distritos de Lisboa, Faro e Setúbal são os que reportam menor necessidade de recorrer a nova consulta para obter o medicamento indisponível.
Já os utentes das regiões autónomas (Madeira e Açores) são os menos afetados com a indisponibilidade de medicamentos.
Os inquéritos para o relatório sobre o “Impacto da Indisponibilidade do Medicamento no Cidadão e no Sistema de Saúde”, da CEFAR, foram realizados na primeira semana de abril de 2019 e contaram com a participação de quase 23 mil utentes inquiridos de 2.097 farmácias em todo o país.