Intervenção de psicólogos na diabetes pouparia 63 milhões de euros ao SNS 04 de Abril de 2016 Uma maior intervenção dos psicólogos na diabetes pouparia 63 milhões de euros por ano ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), disse o vogal da direção regional do Centro da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Diamantino Santos. À margem da sua intervenção no 7.º Encontro do Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria, Diamantino Santos alertou para a falta de psicólogos no SNS, considerando que a sua existência em maior número contribuiria para uma poupança de milhões de euros. «A população procura psicólogos, mas não encontra resposta, porque muito poucos estão a trabalhar no SNS. Há programas, como por exemplo, na diabetes, em que uma intervenção permitiria poupar 63 milhões de euros por ano. Imagine-se isso dedicado à saúde mental propriamente dita ou a certas patologias, como a obesidade ou as hipertensões», sublinhou o psicólogo. Diamantino Santos explicou à “Lusa” que o valor referido tem por base vários estudos internacionais, que comparam grupos experimentais e grupos de controlos em determinada intervenção psicológica, tendo em conta o número de consultas, o valor de cada uma, a adesão à medicação, uma diminuição do uso de medicamentos, menos patologias associadas, entre outros fatores. «Havendo uma diminuição, há uma poupança clara», sublinhou. O psicólogo afirmou que não se trata de «propor um milagre» em que «o psicólogo resolve tudo». «Agora, integrado numa equipa multidisciplinar, é um coadjuvante para que todos estes processos possam decorrer, sobretudo com uma melhoria na qualidade de vida das pessoas e com menor custos». O psicólogo revelou ainda que Portugal está muito longe dos rácios recomendados. «Todas as regiões têm um rácio substancialmente inferior àquele que é a recomendação internacional, que é de um psicólogo para cinco mil pessoas». Diamantino Santos exemplificou com a região de Lisboa, que «tem apenas 49% dos psicólogos que seriam necessários». «Estamos a falar de uma região densamente povoada e os pedidos de consultas são inúmeros. Posso dizer que há pouco tempo num hospital central em Lisboa havia um psicólogo para 30 mil utentes», acrescentou, lamentando que o Governo se centre na «velha questão dos custos». «O que se poupa é substancialmente muito maior do que os custos com os psicólogos. Não é uma despesa, é um investimento para o futuro, porque tem benefícios na qualidade de vida das pessoas», referiu ainda o vogal da Ordem dos Psicólogos. A falta de especialistas impede um trabalho ao nível da prevenção, tendo impactos na saúde mental «mais à frente», com «custos superiores para o erário público», frisou. «Devíamos ter psicólogos a trabalhar não só a nível preventivo – dos cuidados de saúde primários -, mas também ao nível dos cuidados de saúde secundários e até terciários, para permitir uma resposta adequada em termos de cuidados de saúde à população», considerou. Diamantino Santos criticou ainda os responsáveis por alguns hospitais que sugerem a redução do tempo de consultas para dez ou 15 minutos. «Menos de 30 minutos não é uma consulta, é uma conversa». Segundo dados apresentados pelo vogal da Ordem no encontro, existem 2.897 psicólogos na Região Centro, que cobre sete distritos: Castelo Branco (171), Coimbra (885), Guarda (170), Leiria (556), Portalegre (134), Santarém (450) e Viseu (531). Destes, 50% são psicólogos clínicos, 30% educacionais e os restantes ligados às diversas vertentes da psicologia. |