Intervenção em situações clínicas ligeiras: “O caminho natural de valorização do trabalho da farmácia comunitária” 536

O Parlamento aprovou, em 24 de janeiro, o projeto de resolução apresentado pelo PAN para criação de um projeto piloto de intervenções terapêuticas em situações clínicas ligeiras por farmacêuticos nas farmácias comunitárias.

Isabel Cortez, presidente da Associação de Farmácias de Portugal (AFP) avalia “de forma positiva a aprovação desta recomendação que vai ao encontro do caminho que preconizamos no sentido da complementaridade de serviços que as farmácias comunitárias podem prestar à Saúde em Portugal e da respetiva valorização do papel clínico do farmacêutico”.

Esta recomendação, para a criação de um projeto-piloto de atendimento em farmácia de situações clínicas ligeiras e não-urgentes constitui, como especifica a responsável, ao NETFARMA, “um primeiro passo para o reconhecimento do contributo clínico da farmácia comunitária, no âmbito dos cuidados prestados pelo Serviço Nacional de Saúde”.

Os farmacêuticos, “pela sua formação e vocação, estão capacitados para prestar cuidados clínicos de proximidade e consideramos que esse é o caminho natural de valorização do trabalho da farmácia comunitária e da nossa profissão, cujo ADN pressupõe a prestação de cuidados de saúde aos cidadãos, num contexto de segurança e proximidade”, sublinha a dirigente da AFP.

Desta forma, esta evolução, “expetável e natural da nossa profissão, tornou-se ainda mais premente num contexto de maior longevidade das populações e de aumento das dificuldade de acesso à saúde”, refere Isabel Cortez, acrescentando que o projeto-piloto, “se for bem-sucedido, como acreditamos, vai permitir aliviar a pressão nas urgências e nos centros de saúde, acelerando o tratamento da população e reduzindo a despesa”.

No que diz respeito às implicações práticas de colocar em marcha este tipo de projeto, a presidente da AFP esclarece que “a farmácia comunitária está pronta para avançar. A Ordem dos Farmacêuticos, assim como as associações setoriais, tem estado a trabalhar em articulação com outras entidades para acordar os necessários protocolos de intervenção e procedimentos.

 

O que diz o projeto de resolução

O projeto de resolução n.º 539/XVI/1.ª recomenda ao Governo que, “mediante prévia articulação com a Direcção-Geral de Saúde, a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS), as Ordens profissionais e organizações representativas dos profissionais de saúde, dos farmacêuticos e das farmácias comunitárias, crie um projeto-piloto que permita às farmácias comunitárias fazer, de acordo com protocolos clínicos específicos e pré-determinados, o atendimento de situações clínicas ligeiras e não-urgentes, como infeções urinárias, sinusites, dores de garganta ou otites médias, com prescrição do tratamento adequado ou encaminhamento, quando justificado, para os cuidados de saúde primários”.