Investigação conclui que consumo de tabaco tem efeitos nocivos logo na fase inicial 23 de Novembro de 2016 O consumo de tabaco em jovens saudáveis e fumadores recentes afeta a circulação sanguínea de forma aguda numa fase inicial, potenciando doenças cardiovasculares, conclui um estudo da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC). Intitulado “Efeitos agudos do tabaco na função vascular em fumadores jovens e saudáveis”, o estudo foi conduzido por Telmo Pereira, docente de Fisiologia Clínica na ESTeSC, tendo sido premiado no maior congresso asiático da especialidade. O investigador de Coimbra recebeu o prémio científico “New Investigator award in clinical science”, durante a participação no Hypertension Seoul 2016 (26.º Meeting da International Society of Hypertension), realizado em Seul, Coreia do Sul, entre 24 e 29 de setembro (www.ish2016.org). Telmo Pereira e Joaquim Castanheira, ambos docentes do Departamento de Fisiologia Clínica da ESTeSC, apresentaram um total de sete comunicações científicas neste evento que reuniu investigadores e clínicos de 80 países ligados à área da Hipertensão Arterial. O estudo da ESTeSC comprova que o consumo de tabaco em fumadores há menos de dois anos tem efeitos agudos ao nível vascular, que explicam o aparecimento de doenças cardiovasculares no futuro. «Os efeitos do tabaco na integridade vascular, com particular destaque para a disfunção endotelial e o aumento da pressão arterial, potenciam a ocorrência de doenças cardiovasculares, num cenário de exposição repetida ao tabaco ao longo da vida», explica a ESTeSC numa nota divulgada hoje, citada pela “Lusa”. A investigação conduzida por Telmo Pereira pretendeu avaliar os efeitos agudos do tabagismo na função endotelial (referente ao tipo de células que cobrem o interior dos vasos sanguíneos) e na hemodinâmica central (circulação sanguínea) de fumadores jovens e saudáveis. O estudo prova que o consumo de tabaco provoca um efeito «agudo e pernicioso» sobre a função vascular, comprometendo de forma muito significativa a função endotelial, garante a ESTeSC. Segundo Telmo Pereira, o tabagismo é reconhecido como «um importante fator de risco modificável para as doenças cardiovasculares», traduzindo-se a longo prazo num maior risco de eventos cardiovasculares importantes, particularmente o Acidente Vascular Cerebral e o Enfarte do Miocárdio. «Vários estudos têm sido desenvolvidos com o propósito de identificar o mecanismo pelo qual o tabagismo lesa o sistema cardiovascular, prevalecendo a ideia de que o tabaco induz alterações com impacto direto na função endotelial», refere o investigador, que se debruçou sobre o efeito agudo de um cigarro na função vascular em fases mais iniciais de exposição tabágica. Neste contexto, o estudo centrou-se em jovens, com idade média de 21 anos, com uma história recente de hábitos tabágicos: fumadores há menos de dois anos. «Utilizaram-se técnicas sofisticadas para avaliar o impacto vascular de um cigarro, tendo-se demonstrado um efeito agudo e pernicioso do tabaco sobre a função vascular, comprometendo a função endotelial, aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial, e promovendo uma maior rigidez arterial», conclui Telmo Pereira. |