Investigação: Proteína pode desempenhar papel-chave na doença de Parkinson 30 de Dezembro de 2015 Uma equipa de investigadores portugueses descobriu que uma proteína, até agora subvalorizada na doença de Parkinson, pode, afinal, desempenhar um papel importante. O grupo liderado pela dupla Sandra Tenreiro e Tiago Outeiro, do Centro de Estudos de Doenças Crónicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, estudou mais em pormenor a proteína beta-sinucleína, semelhante a uma outra, da mesma família, a alfa-sinucleína, que é tida como crucial no desenvolvimento da doença degenerativa. A equipa detetou que a beta-sinucleína poder ser igualmente tóxica para as células e interage com a alfa-sinucleína. Para Tiago Outeiro, a descoberta pode ser promissora. «Talvez possamos utilizar esta proteína [a beta-sinucleína] como alvo terapêutico [para a doença de Parkinson], testar estratégias capazes de interferir com a toxicidade desta proteína», afirmou à “Lusa”, acrescentando que se trata de uma das metas para futuros estudos. A sua equipa estudou a toxicidade da proteína beta-sinucleína na levedura, célula simples, mais fácil de manipular geneticamente, mas cujo funcionamento não difere muito do da célula humana, explicou o investigador. Posteriormente, o grupo validou os resultados em linhas celulares humanas, linhas derivadas de células do cérebro, mas cultivadas em laboratório. Em ambos os casos, as células entraram em stress e morreram quando produziam «níveis mais elevados» da beta-sinucleína. «Mais do que demonstrar a toxicidade da proteína beta-sinucleína, o nosso estudo abre portas a novas perguntas e relembra-nos que há ainda muito a fazer para se compreender a base molecular destas doenças a que chamamos sinucleinopatias», como a doença de Parkinson, assinalou Tiago Outeiro, citado num comunicado divulgado pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. O investigador sustenta que «o desenvolvimento de terapias eficazes passa por primeiro entender os mecanismos moleculares que estão na origem da doença», salientando que, «até agora, era sabido que a formação de aglomerados da proteína alfa-sinucleína no cérebro é um aspeto central na doença» de Parkinson. A doença de Parkinson, que não tem cura, afeta os movimentos corporais, conduzindo a tremores, rigidez, instabilidade na postura e a alterações na marcha, descreve a Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson, na sua página na internet. A patologia aparece quando os neurónios de uma determinada região do cérebro, chamada substância negra, morrem, sendo que, «quando surgem os primeiros sintomas, já há perda de 70 a 80 por cento destas células», adianta a associação. Segundo o comunicado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, a doença de Parkinson atinge cerca de 20 mil pessoas em Portugal. |